Lembro-me de andar na primária, dos outros irem "à terra" e eu ir a Viana.
Viana do Castelo nunca foi "a terra", mas foi sempre a minha terra. De onde a mãe era e o pai tinha passado a ser desde os cinco anos. Onde estavam os avós, os tios, os primos. Onde se passavam os melhores Natais, no friozinho, com uma árvore de Natal chamada pinheirinho cheia de bonequinhos diferentes de todos os outros e trazidos de França pelos tios. Onde se acabavam todas as férias de Verão e já depois dos pais acabarem as deles. Onde se faziam piqueniques no pinhal e os adultos se deitavam a dormir a seguir (o que, dada a condicionante de ser a mais nova, sempre me chateou bastante, uma vez que toda a gente sabe no desperdício em que consiste uma sesta), se pescavam lapas, caramujas, ouriços do mar. Onde se receberam amigas e segundas primas e se viveram grandes aventuras. Onde se saía à noite. Onde se arranjaram namorados e curtições e experiências. Onde se ia muito à praia, a diversas praias, de mar e de rio, e se tomavam imensos banhos, mesmo com água de gelar os ossos.
Em Viana estão, ou de Viana são, tantas das minhas pessoas. De Viana são imensas das minhas recordações de infância e juventude... e não me ocorre nenhuma que seja má... De Viana eu adoro até o cheiro.
Este ano estamos mais uma vez em Viana, terra do coração.
Rita
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