quarta-feira, maio 31, 2017

No Dia Internacional dos Irmãos, sobre nós.

Acho que quem nos lê já percebeu que eu e a Rita somos duas irmãs, daquelas compatíveis o quanto baste e que se dão muito bem. Foi quase sempre assim mas nos primeiros anos a nossa relação era bem mais insegura em que a Rita fazia muitas vezes o papel de miúda chata, e um bocado birrenta e eu, por outro lado, devia representar na perfeição a cena da irmã injustiçada e embirrante. Claro que era a possível entre irmãs com vários anos de diferença e em estádios de desenvolvimento diferentes

Ela deu-me a volta, quando tinha três anos. Foi o entusiasmo com que me recebeu quando cheguei de férias, e o quanto chorou quando tornei a ir de férias no mesmo verão. Nesse momento, se não fosse o compromisso e a viagem marcada teria desistido de viajar na hora. Aquela menina pequenina, abraçada a mim, a chorar e a dizer "ó Cristina... não vás..." fez-me sentir tão desejada que nunca mais me esqueci. Nas férias comprei-lhe um boneco e voltei cheia de amor fraternal. Passei a valorizar o facto de ser a irmã mais velha e o exemplo; uma "quase mãe", como dizia o tio António. Fui eu que cedi quando ela pediu para eu não mudar de quarto e continuarmos com as camas bem encostadinhas durante a noite, e conclui que tanto eu como ela gostávamos de dar as mãos nas noites mal dormidas. Foi com orgulho que a levei à escola na primeira semana de aulas, e era voluntariamente que a levava a reboque quando ia ter com os meus amigos na altura da adolescência. Toda a gente sabia que eu tinha uma irmã, e toda a gente a conhecia. Toda a gente sabia das suas proezas e conquistas.
O mesmo acontecia com os amigos dela, e alguns, com o tempo também se tornaram meus amigos.

Tenho imenso orgulho da mulher que ela se tornou, e, qual "quase mãe", acredito que também eu tive um papel no seu desenvolvimento. E não tenho qualquer dúvida que eu sou fruto também da relação que tive e tenho com ela.

Este post é pra ela.


A ti, MQ, espero que tenhas passado um bom dia. Amo-te muito.
Ana Cristina

segunda-feira, maio 22, 2017

terça-feira, maio 16, 2017

Das histórias que vagueiam por aí...

Foi há muitos anos, já nem sei quantos, que conheci a Júlia. Estava institucionalizada porque quem teria a máxima responsabilidade de tratar dela não o tinha feito. Foi aí que conheceu aqueles que, independentemente de já terem filhos criados, decidiram levá-la para a sua casa e para as suas vidas. Depois, fizeram o mesmo com a sua irmã, a Teresa.
Na altura conheci-os a todos. E, nestes anos, sabendo bem que nunca mais nenhum deles terá pensado em mim, eu recordei-os muitas vezes. À vontade de recomeçar da Júlia. À desconfiança da irmã. À capacidade de se entregar a duas pré-adolescentes de um casal já com filhos formados.
Hoje regressei à instituição. E, no meio de tantos outros assuntos e dramas, perguntei por elas. Contaram-me, com agrado. Como a Júlia se tinha formado. Como a irmã estava bem e casada. Como o casal mantinha a sua relação familiar e de apoio às duas.

E eu, que nunca consigo acompanhar o futuro dos que passam por mim, hoje tive a imensa sorte de obter um vislumbre do que foi um bom recomeço. E, de mim para mim, fiquei de coração cheio de sabê-las bem, como mereciam.  Só me resta esperar que, mentalmente, lhes tenha chegado o meu abraço e sopro: boa sorte, Júlia, boa sorte, Teresa...
Rita 

segunda-feira, maio 15, 2017

E porque hoje é Dia Internacional da Família...

Resultado de imagem para o que faz a família é o amor



Viva a família, todas as famílias que lutam diariamente pela partilha de um dia-a-dia harmonioso e salutar, mesmo quando nem sempre o conseguem proporcionar.
Viva as famílias de quem decide ter filhos e as de quem decide não os ter e também as de quem não conseguiu ter ou perdeu os que tinha.
Viva as famílias grandes, numerosas. E as que não o são, seja ou não por convicção.
Viva as famílias com um pai, uma mãe, dois pais, duas mães. As de uma pessoa bem e só. As que têm avós e bisavós, estejam ou não entre nós.
Viva as famílias que se divorciaram e resistiram e sobreviveram e que todos os dias fazem esforços para se pacificar e até meio caminho caminhar.
Viva as famílias que decidiram adotar, por decisão, opinião ou porque a vida lhes deu o empurrão.
Viva as famílias que moram longe e que vivem com saudade e viva as que moram perto sem contrariedade.
Viva, essencialmente, as famílias que partilham a tristeza, a alegria, o passado, o futuro, a conversa, a euforia.
Viva a minha família, de onde vim, de quem gosto tanto. E aquela que encontrei. E viva muito, tanto (!), a que formei... E, para sempre, a dos bons amigos de que me rodeei…


Rita

domingo, maio 14, 2017

A propósito de babywearing...

Ao que parece, é o último dia da Semana do Babywearing. Acho muita piada ao termo, fico sempre com a ideia de que se trata de nos vestirmos com o nosso bebé... O que é algo que de facto se aproxima à realidade...!

Quando tivemos a Alice, pedimos um "canguru", daqueles clássicos das marcas mais populares, e foi com ele que contámos para a transportar. Mas quando nasceu o Vasco, aderi aos slings, de cuja existência tinha ficado a saber por blogs perdidos por esta internet fora. Com a Joana, para além do sling emprestado (e outro feito carinhosamente para mim), uma amiga arranjou-me um pano, daqueles feitos em tear, de padrão lindíssimo...

Eu confesso-me totalmente fã de babywearing... Mas claro que cada método tem vantagens e desvantagens. 

Se os membros de um casal tiverem tamanhos muito diferentes (como acontece cá em casa) e só quiserem investir num método, o "canguru" poderá ser uma boa ideia. Contudo, têm de ter a noção que aquele de formato mais clássico (falo naquele que eu tinha, mas sei que agora existirão com certeza muitos mais modelos) poderá não dar para os primeiros meses e não se estender muito no tempo. Recordo-me ainda de, quando a Alice começou a ficar mais comprida, levarmos com os pés dela a baterem-nos nas pernas, o que era bastante incomodativo.

Gostei muito do sling e as suas grandes vantagens são, de facto, o podermos transportar o bebé logo desde recém-nascido e durante muito tempo da sua meninice. A Joana tem 03 anos e eu, de muito longe em longe, ainda levo o sling na mala, para ter a certeza que poderei carregá-la caso seja necessário. Já não o faço, porque ela adora andar e correr de um lado para o outro, mas poderia, em caso de necessidade (que pode surgir se ela estiver muito cansada e eu precisar das mãos livres). O sling também tem essa grande vantagem, a de poder colocar-se dentro de qualquer mala e andar sempre à mão. As maiores desvantagens que encontrei foi o facto de não ser de fácil adaptação (muitas amigas nunca chegaram a gostar e contavam que os bebés também não - já eu, como desejava muito usar, adaptei-me muito bem e tanto o Vasco como a Joana adoraram) e de fazer doer bastante um ombro quando o filhote já pesa e há necessidade de o carregar durante algum tempo. Os meus miúdos foram sempre peso-pluma, mas recordo que, na altura em que acompanhávamos a Alice a uma atividade, andar uma hora a carregar o Vasco de um ano e tal, não era fácil...

Por sua vez, o pano foi uma descoberta muito agradável por alturas da terceira filha, quando eu saltitava de um método para o outro de forma descontraída. Tem a desvantagem de ser mesmo muito grande e de as suas pontas arrastarem pelo chão quando o estava a pôr, depois de sair do carro... o que num chão molhado da chuva não parece muito boa ideia - eu gostava tanto do resultado que resolvi não me importar... O pano é muito confortável, principalmente porque faz o peso do bebé assentar por cima das costas no seu todo. Como nos enfaixamos bastante com ele, ficamos quentes, o que o torna num método excelente no Inverno, provavelmente não tanto no Verão. Em tempo muito frio, ainda dá para vestir um casaco por cima, o que não é tão fácil com o sling...

Que se desengane quem pense que só se recorre ao babywearing para transportar um filhote na rua... Em casa, quando ele parece queixar-se de cólicas ou, por algum motivo, não consegue sossegar-se, ou a mãe e o pai precisam de fazer algo enquanto o adormecem ou entretêm... é sempre uma boa solução... 

Não sei se este post ajudará alguém a escolher um método de babywearing... mas, mais do que isso, talvez ajude pais e mães a perceber que "vestir um bebé" é ótimo, é aconchegante e caloroso, independentemente de como se o faça... tê-los encostados a nós é promover a união, a terapia pelo toque, o sentir, o amor. 



Rita

domingo, maio 07, 2017

Eu não posso dizer que gosto muito do dia da mãe...

...  e sei que é porque não tenho filhos.
Também sei que é porque em casa dos pais não se comemorava o dia da mãe além do beijinho e das iniciativas pessoais que poderíamos ter, fazendo pequenos presentes ou dedicando poemas e papelinhos com mensagens de amor. O mesmo posso dizer para o dia do pai ou o dia da criança. Eram dias que não faziam parte do nosso calendário familiar. 
Agora mais recentemente, porque a Rita é mãe, porque os dias para os meus pais são mais iguais e todos os dias são bons para arranjar motivos para ir comemorando a vida, o dia da mãe também é lembrado. E não é que sinta qualquer tipo de ciúme pela minha irmã (quem me conhece sabe que eu sou uma tia muitissimo babada dos meus sobrinhos - e tenho mais seis além dos três da Rita - tanto que conto as peripécias deles com tanta frequência e mostro fotos que quem me ouvir, no início é capaz de pensar que são meus filhos) mas posso dizer tenho pena. Claro que também eu gostava de receber mimos em dias especiais, mas tenho pena sobretudo por não ser o colinho especial que só se pede à mãe...

Mas pensar no dia da mãe, para mim é também pensar no quanto somos bombardeadas com temas alusivos à maternidade como um estado de completa felicidade.
Acho que posso falar por todas as mulheres que gostavam de ter sido, ou gostariam de vir a ser mães, quando afirmo que toda aquela publicidade ao maravilhoso que é ser-se mãe, à descoberta de um amor incondicional, ou à plenitude da felicidade com a maternidade, quando digo que estes argumentos são demasiado redutores para a própria mulher. Primeiro porque não são verdades. Nem todas as mulheres são felizes com a sua maternidade e podem não sentir amor incondicional pelos seus filhos, e provavelmente sentem-se em algum momento culpadas por não serem sempre felizes. Segundo porque para se ser mãe é preciso ter filhos, e nem sempre a vida é facilitadora nesse aspecto. Tanto a umas, como a outras, os meus parabéns por aguentarem mais um dia da mãe.

Não quero de forma nenhuma menosprezar os sentimentos dos outros mas pergunto se as pessoas que fazem a apologia da felicidade associada à maternidade não estão muitas vezes a ser hipócritas com elas próprias. E se assim não for, se essas mesmas pessoas teriam a capacidade de ser felizes se estivessem, por exemplo, na minha situação de não mãe. 

A felicidade pessoal não pode passar "apenas" pela maternidade, com não pode passar pelo "casamento", ou pelo "curso"... A felicidade tem de ser um sentimento de procura interna que passa por nós próprios, e apenas por nós. Temos de conquistar a nossa felicidade por simplesmente sermos capazes de ficar felizes, nem que seja pela felicidade dos outros. 

E depois desta teorização toda... Parabéns a todas as mães. Às que estão felizes. Às que são o colinho tranquilizador. Às que merecem esse colinho.



Ana Cristina

terça-feira, maio 02, 2017

Preocupações da minha filha mais nova

Nos trabalhos de 24 horas, tiramos bocadinhos... para beber um café, para almoçar, lanchar, jantar. Nunca pode ser muito tempo nem se pode ir muito longe. Comigo, como moro perto de casa, consigo vir jantar com o homem e os miúdos. Consigo até deitá-los, dar os beijinhos de boas noites, antes de tornar a sair. É importante para mim, calculo que também o seja para eles. 
No feriado, consegui também almoçar em casa. Mas giro foi quando à noite me despedi e ela, a pequena, com três anos, me instruiu, depois de se certificar que eu ia trabalhar e só voltaria de manhã:
- Porta bem, mãe... Não bate nos amigos, não morde nos amigos...

Portanto, colegas de trabalho, de todos os trabalhos mas principalmente daqueles que de longe em longe nos organizam em equipas de 24 horas, segundo indicações da minha filha mais nova, podem ficar descansados, prometo que, mesmo que tenha muita vontade, não vos bato nem vos mordo...
Rita

segunda-feira, maio 01, 2017

Foto com história



1 de Maio de 1974 de manhã em frente ao Palácio de Queluz
Fotógrafo; pai
Modelos; eu e um representante, provavelmente surpreso, do Movimento das Forças Armadas - MFA

De tarde fomos pra Lisboa
Ana Cristina