domingo, abril 30, 2017

Abril foi um mês de chuva, pelo menos pra mim

O mês de Abril veio com más notícias para uma boa amiga. A maldita doença revelou-se num exame de rotina. E se ela e quem está com ela diariamente não dormiram até ao dia da cirurgia, eu posso dizer que também perdi o sono. A junção de recordações antigas relacionadas com as datas (o dia em que foi operada é um dia histórico para a família, o dia de aniversário da minha mãe, o próprio dia 25 de Abril que trás com as comemorações as recordações) com a preocupação com a sua saúde e a saúde dos meus pais, trouxeram a sensação mista que, por um lado a vida é demasiado curta, por outro lado de vez em quando é preciso fazer pausas para recuperar energias interiores. 

Tudo junto teve o efeito de não ter efeito nenhum. O diário gráfico, projecto criativo que me tinha proposto para este ano, ficou descurado. Este blog, pra variar, também. A casa e uns projectos de organização ficaram em stand-by (que é o mesmo que dizer que tudo está um caos). 

Então, ainda ontem, dei por mim a dizer à minha amiga que ela tinha de encarar de frente a situação que lhe aconteceu, enfrentar as propostas de tratamento e seguir em frente, coisa que ela sempre fez e que desta vez não será diferente. Depois, fui a casa dos pais e a minha mãe estava tranquila, a aproveitar a vida e a rir-se com as cenas dos netos. Hoje li os comentários no facebok acerca do post que a Rita escreveu sobre o seu aniversário e chorei. Chorei por ela. Chorei pelo meu pai. Chorei pela minha amiga. Chorei pela Rita. Chorei por mim própria. 
Mas todos os choros têm um fim. E este fica por aqui. Com o final do mês.

Até amanhã. 
Ana Cristina

sexta-feira, abril 28, 2017

A nossa mãe faz setenta e dois anos


Faz hoje setenta e dois anos e eu podia falar tanto acerca dela, mas só me ocorre dizer que, atualmente, aos setenta e dois anos, uma das grandes lições que ela me ensina, todos os dias, é que é triste quando se é ou se começa a ser definido por uma doença.
A minha mãe está doente há cinco anos e, neste momento, esse pesadelo em forma de doença é quase todo o seu presente. Mas, no seu passado, ela foi muitas outras coisas... filha, irmã mais velha, estudante preguiçosa, colega, amiga, namorada, mulher, companheira, professora, lutadora, mãe, avó... inteligente, sensata, justa, teimosa, atrasada, leal... hoje, é essencialmente ataxia... e também é todas as pessoas que, não tendo intencionalmente prejudicado ninguém ao longo da sua vida, são castigadas com definhamento antinatural...

Ela continua a ser, para mim, das pessoas mais extraordinárias que conheci na minha vida. Orgulhosamente imitável em muitos sentidos. 
Sempre foi presente como avó, em todas as fases da vida dos netos. Cá em casa a dormir e a dar apoio quando nasceu a primeira. A vir de transportes todos os dias para ajudar quando nasceu o segundo. Em todas as festas de aniversário, de escola, de atividades extra, de datas a comemorar, de projetos da escola. Em períodos de doença. Em fins-de-semana, em férias. Sempre que eu e ele precisávamos de uns momentos a dois. Tal como tinha feito comigo e com a minha imã, esteve sempre lá, presente. 

Quando a Joana nasceu, ela já estava doente. Menos do que agora, claro está, ou não fizesse a ataxia parte dessa lista das degenerativas. Na altura ainda falava bem, ainda andava, ainda pegava nela, embora insistíssemos que o fizesse sentada, não fosse dar-se um desequilíbrio como já acontecera e depois passou a acontecer muitas vezes. Mas o que verdadeiramente interessa é que, tal como sempre, continuou presente. Sempre que pôde e depois sempre que era acompanhada e depois sempre que as circunstâncias permitiam. 
A Joana não se lembra, é claro, não se poderá lembrar. Nem da avó a pegar nela, nem de pé, nem a andar, nem sequer a falar com ela. 
E eu, durante muito tempo, lamentei-o. Tanto. Que ela não pudesse ser a presença na vida dela que tinha sido na dos outros.
Mas, na semana passada, levei a minha mãe a um exame médico. E expliquei à Joana o que ia fazer. E, no fim desse dia, por sua própria iniciativa, ela perguntou pela avó, se ela já estava melhor. E continuou pelos dias seguintes. 
Porque a presença nem sempre é andada, pegada, falada. Muitas vezes, a presença... só é. Chega para deixar marca. Tudo o resto que já não está lá, trataremos nós de mostrar.

De forma que ergo o copo aos setenta e dois de uma das mulheres mais importantes da minha vida, a minha mãe. E concluo que uma das grandes lições que ela me ensina, todos os dias, é que uma das melhores formas de ser definido na vida de alguém, é pela presença. 
Rita

quarta-feira, abril 26, 2017

«Posso só acabar de...»

«... ler esta página?»
«... acabar de ouvir esta música?»
«... ver este episódio?»
«... jogar este jogo?»
«... dizer isto à ...?»
«... acabar este vídeo?»

LIVRA!!!!!!!!!!!!!!!!!
Rita

Nota: e a terceira ainda não conta para esta lista...

terça-feira, abril 25, 2017

Quarenta e três anos depois

Não tenho qualquer dúvida que o dia 25 de Abril de 1974 foi importantíssimo na minha vida.
Quase de certeza que hoje seria uma pessoa bem diferente se naquele dia (que podia ter sido outro com certeza se os militares de Abril tivessem marcado outra data) as pessoas não tivessem sentido que aquele era o momento de mudar.
Para mim, uma menina de seis anos acabados de fazer, o dia 25 de Abril de 1974 foi um dia que recordo pela alegria que senti por ver as "minhas pessoas" felizes. Recordo a empolgação do meu pai e a impulsividade com que rumou pra Lisboa ao contrário do que seriam as indicações que teria recebido, a cautela alegre com que a minha mãe lidou com o assunto, não indo à escola naquele dia e ficando comigo em casa a ouvir rádio (deixou para o dia seguinte a retirada da foto do Sr. Marcelo da época). Recordo também a chegada dos amigos lá a casa pela noite adentro. Todos se abraçavam e choravam de alegria.
Ao post que escrevi há onze anos, no início deste nosso registo não tenho quase nada a acrescentar.
O meu 25 de Abril de 1974 foi um dia alegre, e gosto sempre de o recordar, assim como gosto de recordar os outros 25 de Abril que se seguiram. Aqueles em que eu e a Rita íamos para a janela de manhã gritar para as pessoas que passavam na rua "25 de Abril Sempre! Fascismo nunca mais!". Aqueles em que desfilámos na A
venida, e foram muitos (mesmo muitos).
Este ano lá estivemos, numa nova adaptação às circunstâncias de quem leva crianças pequenas. Éramos um grupinho no meio de muitos. Sim, este ano também fomos muitos, muitos mil a celebrar Abril...
Ana Cristina

domingo, abril 16, 2017

Caça aos ovos da Páscoa - 2017!

Passaram quatro anos desde a primeira caçada aos ovos cá de casa. Em 2015 não me organizei para a conseguir fazer e os miúdos lamentaram o facto, tanto que desde aí comprometi-me comigo mesma a dar o máximo para lhes oferecer uma espécie de caça ao tesouro anual. 
Não tinha a certeza que iria conseguir porque o fim-de-semana estava parcialmente dedicado a um torneio de futsal do Vasco, onde os horários dos jogos de segunda volta eram dependentes dos resultados dos de uma primeira... logo... não havia a noção quando iriamos estar em casa, se ou quando conseguiríamos conseguir fazer um almoço de família... a juntar-se-lhe, as variáveis "turnos de irmã enfermeira" e "jantar de aniversário de amigo"...
Na verdade, a caça aos ovos de 2017 foi alvo de muita pesquisa mas de poucas ideias... a sua forma foi moldada na noite de sábado, quase repentinamente, como me acontece com muitos projetos criativos... A maior dificuldade era tentar juntar três filhos de idades tão diferentes (11, 08 e 03 anos) na realização de atividades comuns... mas acho que consegui...

Assim sendo, este ano não houve enigmas espalhados pelas várias divisões da casa, a possibilitar o achado de pequenos ovinhos de chocolate... 
Rezava assim o início da grande Caçada aos Ovos da Páscoa de 2017, entregue em mãos à caçadora mais velha:

«Olá a todos!
Como sempre, cá estamos para mais uma caçada ao ovo...
Todas as caçadas são um bom desafio e uma grande conquista. Este ano, mais ainda. Para conseguir os ovos, vão ter de superar 12 desafios, em conjunto. Alguns têm tempo, outros não. Todos os ovos conquistados terão de ser divididos igualmente pelos três "coelhinhos" e, no fim, ser oferecidos à restante família...
O jogador que vai buscar um desafio tem de ser vendado e partir, às cegas, com a ajuda da família. O envelope do desafio tem de ter a sua inicial... e há os que são falsos...
Depois de lido, o desafio tem de ser cumprido por todos os caçadores. Se a família considerar que o desafio foi cumprido com sucesso, os caçadores entram na marquise para procurar os seus ovos com as ajudas de "quente" e "frio".
A todos... uma boa caçada!!!»

Ou seja, à vez, os miúdos eram vendados e partiam para encontrar um bilhetinho com a sua inicial, através das ajudas e indicações dadas pelo pessoal da família que os rodeava:


Na posse dos papelinhos, tinham de cumprir os três o desafio proposto, ou em conjunto, ou separadamente mas com o mesmo objetivo. No fim, com o desafio cumprido, entravam em casa e, numa única divisão, procuravam ovinhos, mediante as ajudas de quem os tinha escondido enquanto eles realizavam as suas tarefas. Embora algumas confusões e complicações, acho que o objetivo de que os três tivessem que fazer algo em conjunto foi amplamente realizado... e divertido...

A parte mais engraçada foi, obviamente, o cumprimento dos desafios:

«O Vasco é o carrinho de mão da Alice, que ela tem de fazer ir de um lado para o outro do pátio. O carrinho leva um balão, que a Joana tem de ajudar que não caia, mas sem o ir a segurar pelo caminho...
Tempo!»


«Têm de saltar ao pé coxinho.
Joana: dez vezes, com ajuda, no mesmo sítio.
Vasco: ir e vir de um lado para o outro do pátio, trocando o pé quando chegar ao muro e virar.
Alice: ir e vir três vezes, com o mesmo pé, e dar uma volta sobre si no final de cada volta.»


«Colocam-se em fila e, com um balão entre cada um, têm de ir de um lado para o outro e regressar, sem os deixar cair.
Tempo!»


«No chão há umas linhas a percorrer.
Joana: a andar em cima de cada uma delas.
Vasco: a andar com os pés na linha do meio e as mãos em cima de uma das linhas das pontas (à escolha).
Alice: a andar com os pés em uma das linhas das pontas e as mãos em outra das linhas das pontas.
Para o Vasco e a Alice, é ir e voltar.
Tempo!»


«Colocam-se em fila e têm de ir até ao outro lado do pátio e voltar. Para lá, avançam passando um balão por cima das cabeças de cada um. Para cá, avançam passando o balão por entre as pernas de cada um. O último da fila vai passando para primeiro e assim sucessivamente...»


«Têm de levar um balão até à outra ponta do pátio.
Joana: na mão esticada.
Vasco: numa colher, na boca.
Alice: na ponta de um dedo, o mínimo.
Tempo!»


«Fazem uma linha, de mãos dadas: Vasco, Alice, Joana.
Recebem o arco e têm de conseguir que o arco atravesse a linha dos vossos corpos, ou seja, que entre por uma "ponta" e saia pela outra...
Tempo!»


«Têm de fazer um desenho ou escrita.
Joana: de um sol.
Vasco: dos nomes próprios dos manos, de olhos vendados.
Alice: do nome completo mais comprido que está cá em casa hoje, de olhos vendados.»


«Com os vossos corpos em conjunto, têm de fazer três animais, um de cada vez...»
(Uma serpente... e, na segunda foto, seria uma girafa antes da Joana resolver estragar a figura...)


«Têm de cantar uma canção inteira, ao mesmo tempo, em cima do muro.
Joana: sentada.
Vasco: deitado.
Alice: de pé.»



Para além dos fotografados, foram feitos outros dois:

«Joana: quantas patas tem a Fera?
Vasco: quantas pernas existem hoje cá em casa?
Alice: quantos pares de narizes existem hoje cá em casa?»

«Joana: tem de agarrar três vezes o balão que lhe é mandado.
Vasco: tem de cabecear dez vezes o balão, sem parar.
Alice: tem de fazer a seguinte sequência de toques, de seguida: cabeça-mão-outra mão-joelho-outro joelho-pé-outro pé.»

Garantem-se momentos bem divertidos, para quem queira aproveitar algumas das ideias...
Rita

sábado, abril 15, 2017

Um parque é só um parque...?

O cenário foi o parque infantil da Praça José Fontana, em Lisboa. Um feriado de manhã, não demasiado cedo mas ainda cedo o suficiente para estas aventuras, tanto que eramos os únicos. Era até difícil decidir ficar com ou sem casaco, uma vez que o sol, tanto aparecia tímido, como se revelava com mais força por entre as nuvens.
O pai e a mana foram a umas consultas e eu rumei com os outros dois à descoberta do parque.

É sempre engraçado ir a um novo parque. Alguns, como este, têm estruturas bem diferentes, que obrigam a pensar nos obstáculos a superar. Um escorrega sem assento...?! Escadas em que uma parte dos degraus não existe..?!

O Vasco sorria... divertia-o ver uma construção diferente, mas mostrava dificuldade em arriscar...



Desde pequenos que qualquer um dos meus filhos teve sempre à vontade, leveza e descontração em matéria de movimentos. A coordenação surge-lhes naturalmente. Não obstante, nenhum foi particularmente destemido, afoito, aventureiro. Será um pouco óbvio dizer que, enquanto pais, nunca nos importámos, uma vez que sabíamos que eles estariam mais seguros se se mexessem com confiança mas sem maluqueiras...

Agora, de vez em quando, encaro de outra maneira as suas hesitações. Penso no receio que lhes poderá estar subjacente. Pondero se as dúvidas os poderão acompanhar em outras áreas...
Mais do que tudo, o que desejo é que vejam além dos obstáculos, mantendo aquela espécie de aptidão inconsciente e inata para treparem, saltarem, descerem... que acreditem neles, que observem, que pensem... mas que não escolham sempre fugir de um impedimento...

Sei que isto não parece conversa sobre um parque infantil... mas talvez um parque infantil não seja só um parque infantil... talvez aí, como em tantas outras ocasiões, se possa aproveitar para treinar capacidades... aproveitar ter alguém de fora, a ver e motivar, para experimentar subidas alternativas, apoios imprevistos, locais de desequilíbrio latente... aproveitar o estar de fora para mostrar os vários caminhos que se pode seguir, onde se podem colocar os pés, incentivar a experimentar, respeitar os recuos, aplaudir os sucessos...
Ou seja, estimular competências... deles e nossas...
Rita

segunda-feira, abril 10, 2017

Sorte de poucos minutos no Vimeiro - Lourinhã

Gosto tanto quando ando por aí, em trabalho... e descubro que alguém, algures, se divertiu a olhar à sua volta e a usar a imaginação... cá ficam pedaços do imaginário de um artista, no Vimeiro - Lourinhã:


Rita

sexta-feira, abril 07, 2017

Dia de descanso...

Se, depois de 24 horas a trabalhar, alguém nos aconselha a ir apanhar sol, isso é...


... as costas encostadas à parede e o traseiro sentado no chão do pátio, um livro, um café, boa companhia... ao sol, claro...
Rita