domingo, janeiro 29, 2017

sexta-feira, janeiro 27, 2017

Mocinho de saudades tardias

Subo até à cama dele para as despedidas da noite e encontro-o com ar de choro. 
Surpreendo-me e não aceito as suas negativas em relação ao que o pôs assim, ensino-lhe que as tristezas partilhadas são tristezas divididas. Desata a chorar, naquele choro silencioso de quem sofre sozinho. De repente, diz:
- O David foi-se embora da escola...
Estaco. Pergunto:
- Que David?
E a resposta:
- O David da pré...
Não consigo impedir-me de sorrir, é mais forte do que eu. Tento disfarçar e justificar:
- Mas já foi há tanto tempo... [um ano e meio?!] Estás com saudades dele...? Queres ligar para ele amanhã? Está combinado...! 
Ficou contente. David, palpita-me que haverá um convite para fim-de-semana em breve!

Enternece-me, o meu rapazinho de saudades tardias... Faz-me lembrar quando seguíamos uma vez de carro a conversar sobre pessoas da família, e recordou-se o primo Fernando e teve de haver explicações sobre a forma como tinha morrido. E, já depois de chegarmos ao nosso destino, dali a largos minutos, damos com ele a chorar baba e ranho porque «o Biso tinha morrido» [também há mais de um ano à data]... Nada a fazer, acontece a todos... momentos em que as saudades apertam, de quem já se foi, de quem está longe ou de quem já não volta ao que era... impossível não entender... 

Rita

quinta-feira, janeiro 26, 2017

Quando se vai a casa dos tios passar o fim-de-semana

  • Brinca-se em parques diferentes, com foguetões, túneis compridos e repuxos de água, lagos e gaivotas para exercitar as pernas (claro que se tem de esperar por dias mais quentes para tornar a pedalar nas gaivotas).
  • Vêem-se pelo menos dois filmes, um no sábado outro no domingo, dos que estão gravados na box.
  • Brinca-se às cócegas porque a tia é um monstro dotado de dedos cocegentos.
  • Dorme-se numa cama enorme, maior que a cama dos pais ou dos tios.
  • Fazem-se desenhos na parede, e a ideia até é da tia (aliás, a tia até faz uns gatinhos muito vem feitos)
  • Fazem-se projetos de construção de casas de cartão para gatos, mas não se tem tempo para concluir porque há muita coisa pra fazer em poucas horas.
  • E toma-se banho de espuma até ficar com os dedos a parecer uvas passas.

Pelo meio ainda se coloca a hipótese de repetir o ritual todas as semanas mas, depois reconhece-se que assim não se iria poder frequentar todas as atividades de fim-de-semana que vão surgindo, como os jogos de futebol e as festas de aniversários dos amigos.
E no fim afirma-se perentoriamente que as vezes todas que se disse que queria ir prá mamã e pró papá era a brincar.

A tia fica cansada mas feliz. Os sobrinhos acho que também... E quando, dois dias depois, a sobrinha pirralha assim que vê a tia lhe pergunta se vai pra casa dormir, e lamenta a resposta negativa, a tia tem a certeza absoluta que foi bom.
Ana Cristina

sábado, janeiro 21, 2017

Boa forma de começar um sábado

Já não me lembro como se fazem crepes ou panquecas, mas não seria difícil de ver qualquer receita na net. Para o caso, pouco interessa... Boa foi mesmo esta ideia - devida às minhas gulodices súbitas - de começar o dia de sábado, com crepes... Havia congelados, do Pingo Doce, mas uma verdadeira fome gulosa tê-los-ia desenrascado, fosse de que maneira fosse.
Pôs-se salgados e doces na mesa, mel, açúcar, canela... mas o grande vencedor foi mesmo o chocolate que à pressão se foi a correr  pedir emprestado a uma vizinha amiga. Até o Vasco, que dizia não gostar de crepes, decidiu fazer nova experimentação... e aprovou!
Daqui a uns tempos impõe-se uma realização de crepes caseiros... e claro, de panquecas, para podermos estudar bem as diferenças... :-P


Rita

quinta-feira, janeiro 19, 2017

Coisas muito giras e boas que se encontram por aí

Encontrei no facebook, há umas horas, uma coisa maravilhosa.
Parece que em 2013, o Sr. Bruce Springsteen deu um concerto em Leipzig. E em determinado momento, aceitou de um fã o pedido de uma música, escrito numa espécie de cartaz. Seria o "You never can tell", da banda sonora do Pulp Fiction. Completamente fora da lista de músicas do concerto. Bruce sorri, conta por alto a quantidade enorme de anos que medeia terem tocado a música pela última vez. Depois, com muita calma e simpatia, começa a trautear a guitarra, a procurar o tom em que conseguirá cantá-la. Com ele, todos os outros músicos em palco. Há quem surgia tons, cantarole. Bruce vai rindo e experimentando a voz para o tom trauteado. Muda de guitarra, pensa ter conseguido. E, a seguir, um espetáculo improvisado, só com base na solicitação de um fã, um momento de grande gozo, ensinamentos. Dezenas de músicos, dezenas de instrumentos, tudo afinado, mesmo com improvisação e chamados a fazer solos. 
São assim os grandes profissionais, sem problemas em encarar um desafio, em sair do previsto, com a confiança de conseguir fazê-lo... e magnificamente... Afinal, um Boss é um boss.



O Bruce Springsteen fez o primeiro concerto que eu vi em estádio. 
Lembrete: neste próximo fim-de-semana tenho de o dar a conhecer aos miúdos. Já nos estou a ver em grande baile cá por casa.
Rita

quarta-feira, janeiro 18, 2017

Tesourinhos


Em arrumações encontram-se sempre uns tesourinhos. Ora umas roupas que guardamos para, quem sabe, um dia tornar a vestir, ora uns bibelots que ficaram guardados desde a mudança de casa para que um dia se decida o local onde vão ficar, ora uns pedaços de tecido para quando se coser à máquina. 
Desta vez, alem disso tudo, como não podia deixar de ser, encontrei também um saco de livrinhos feitos em tempos para a montra da Ana. Não se devem lembrar mas podem vê-la neste post, Este saco tinha 14 livrinhos, os maiores com 5 cm de altura, quase todos de obras literárias, com uma lombada personalizada e escrita em letra muito pequenina (tive de ir buscar uma lupa para ler alguns), e que constam da minha estante, como "A Tenda dos Milagres" de Jorge Amado, ou "Eva Luna" de Isabel Allende, entre outros.
Fiquei com vontade de fazer uma montra pra mim mesma e outra para a Rita, afinal as autoras da primeira, e que nunca fazem nada para elas próprias. Quem sabe se não é um desafio a cumprir em breve.
Ana Cristina

segunda-feira, janeiro 16, 2017

Tenho uma vizinha que adivinha, ou talvez não

Há uns dias, vinha eu com um saco de compras a entrar no prédio e cruzei-me com a minha vizinha adivinha. Comentário dela; "Está de folga de certeza, a esta hora a chegar das compras...". Por acaso não tinha razão. Para mim eram horas de dormir porque o dia ia mais do que longo, já com mais de 24 horas.
Hoje a cena foi outra. De folga, numa corridinha à padaria, antes que fechasse para a hora de almoço, encontro outra vez a mesma vizinha. "-Ai, estou mesmo a ver que trabalhou de noite. Está mesmo com cara de cansada...". Comentário meu, só pra ser simpática; "Nota-se muito?"...
Vim pra casa a pensar na minha mãe e na constatação dela de que eu fico sempre com pior aspecto depois de dormir, do que antes de ir descansar na saída de noite. Conto isto sempre às minhas colegas mas há quem não acredite. Hoje foi a prova mais do que provada.
Ana Cristina

domingo, janeiro 15, 2017

As leituras deles

Ler é uma das coisas que eu mais gosto de fazer, sem dúvida.
Tenho em mim a recordação de desejar incessantemente conseguir ler o que estava ao meu redor, e de contar, lendo as imagens, as histórias do Astérix à D. Maria do Céu, a vizinha do lado dos meus pais que, infelizmente, não sabia ler - um dos projetos que dizem que eu cheguei a ter quando miúda. 
Para mim, como para tantas outras pessoas, seria uma tristeza ter filhos que não gostassem de ler... Os dois leem com facilidade desde os meses de Fevereiro do seu primeiro ano, sem juntar sílabas e hesitar nos casos de leitura (tanto quanto tenho observado, algo normal para quem aprende de acordo com o Modelo da Escola Moderna). Mesmo assim, lembro-me que, por altura das férias da passagem do 1º para o 2º ano, sentia-me frustrada por tentar que se interessassem por determinadas leituras e ver que, embora conseguissem ler com alguma facilidade, estas não os fascinavam... aconteceu com a Alice e depois com o Vasco. Claro que, à segunda vez, as minhas expectativas já eram diferentes e passavam pela compreensão também da maturidade deles...
Acho que, tal como outras pessoas cuja leitura desempenhe uma parte essencial nas suas vidas, sempre tive algum receio que os meus filhos acabassem por não apreciar ler, daí as minhas expectativas iniciais. Ao fim e ao cabo, tal como já contei anteriormente, eu passei para uma leitura fluente em muito pouco tempo, ficando com as portas abertas a histórias um pouco mais complexas...

De qualquer forma, ao seu ritmo, a Alice foi gostando cada vez mais de ler e tem sempre um ou dois livros (habitualmente na cama e na casa-de-banho). Ouço amigas falarem dos hábitos de leitura dos seus filhos e sei que até tenho sorte. Contudo, foi neste Natal que comecei a sentir-me bastante orgulhosa. A moçoila recebeu quatro livros e depois de dar uma volta rápida por cada um deles, escolheu a ordem e... atirou-se... em pouco tempo tinha-os devorado e, na decorrer da dinâmica, voltou-se para a coleção "Uma Aventura" - a qual não lhe tinha exercido grande fascínio até hoje, tendo lido três ou quatro - e começou a escolhê-los, "de enfiada"... De maneira que, e porque a fotografia já está desatualizada, desde o dia de Natal que já leu nove livros, encontrando-se agora a meio do décimo...


Com o Vasco, o salto foi ainda mais surpreendente... Na semana entre o Natal e o Ano Novo, encontrámo-nos com uma prima que se encontrava cá de férias e que lhe ofereceu este livro:


Ele interessou-se, de forma quase imperceptível, e demos por nós a ter que lhe arranjar um candeeiro melhor, para poder ler à noite. O livro é grande e, embora com bastantes imagens, a maior parte das páginas é composta por texto. Ele tem lido todos os dias uma parte e hoje escolheu enfiar-se na cama a ler, da parte da tarde, porque não lhe apetecia fazer mais nada... Todo contente, mostra como já passou de metade e como vai na páginas número 126... 

Tenho razão para andar orgulhosa ou não...?
Rita

quinta-feira, janeiro 12, 2017

Passaram doze dias do novo ano...

... e é mais que tempo de assentar ideias e definir alguns objectivos. E os meus desejos relacionam-se com a expressão " fazer mais"; fazer mais, ser mais eficaz, não ceder tantas vezes à inercia e à preguicite. Em relação a este blog, e à parte que me toca das Oficinas RANHA, pretendo que o ano de 2017 seja bem diferente do que passou, de preferência bem mais criativo, metódico e dinâmico. Que o tempo disponível, as dificuldades e eu própria colaborem para tornar a activar este espaço que tanto gostamos. Esta é a resposta ao desafio da Rita, e fica aqui registada.

Adiante- Passaram doze dias do novo ano e é tempo de arrumar os poucos enfeites de Natal que cá em casa se espalharam. Este ano, com os dois filhos-gatos-pestinhas, mas também porque estivemos a fazer umas renovações (que ainda não estão concluídas, diga-se, mas a parte mais suja já passou) não se montou a árvore de Natal nem se espalharam os enfeites habituais. Comprei umas figuras daquelas que aderem aos vidros para que a época não passasse sem ser lembrada e, até essas resistiram com dificuldade aos felinos cá de casa. 
Quem os observa assim, fofinhos, só vê a parte dos gatinhos de postal, os pestinhas posso mostrar-vos noutros posts... e já tenho tema para vários. ;)



Ana Cristina

segunda-feira, janeiro 09, 2017

Noites de cinema

Andávamos a falar em fazer noites de cinema, com filmes sugeridos por todos, mas essencialmente - e não de uma forma  premeditada - por nós, pais, por falarmos muitas vezes em alguns que faziam parte das nossas vidas, ou por serem muitos bons, ou por terem determinados efeitos ou uma história  interessante. Fugindo aos tradicionais filmes infantis, de animação, dobrados.
Claro que há que programar bem. Ela tem 11 e já temos visto filmes de adultos uma com a outra. Mas ele tem só 07 e está a iniciar a leitura de forma mais fluida...
Calhou de, no final de Novembro, me aperceber que num dos canais estaria a começar o "E.T.", um dos muitos comentados. Deu para gravar e no dia 01 de Dezembro, iniciámos... as noites... ou tardes...
Ontem vimos o "Titani", já a acabar o limite de tempo para o fazer. 

É muito bom ver filmes com eles os dois. Muito. Claro que vemos filmes juntos há muito tempo. Mas a partilha é diferente quando se sai da área da animação, há todo um mundo de descoberta que acaba por ser mútua... Por vezes não consigo um envolvimento completo com o filme porque ainda tenho que ler algumas das legendas ao Vasco (começa agora a conseguir algumas das mais pequenas) ou parar a visualização para explicar alguma coisa mais técnica. Contudo, há toda uma série de novidades que passam por vê-los absortos e ligados à trama, por assistir ao envolvimento deles... 
Falam nos filmes depois durante dias... Com o "E.T." houve imensas referências ao boneco em si, bem como a todas as piadas e a diversas cenas do filme... Com o "Titanic" houve primeiramente o medo declarado de vir a ter pesadelos... e em seguida, imensos comentários entre eles, descrições, cálculos relativos às mortes de algumas personagens... adormeceram a falar no filme, acordaram a falar no filme e nomeadamente a Alice veio da escola a falar do filme... falou com colegas sobre o filme, pesquisou sobre o filme e os atores... surpreendeu-se porque o Dicaprio tem mais um ano que eu... e hoje declarou que era dos atores mais bonitos que já tinha visto... Depois, rimo-nos as duas às gargalhadas quando eu lembrei que, na altura do filme, também eu era dezanove anos mais nova... e que o Dicaprio, o Johnny Depp e o Brad Pitt  - que ela dizia que eram tão bonitos - tinham todos idade para ser pais dela... e que também tinham mau hálito pela manhã ou deixavam a casa-de-banho a cheirar mal...


Rita

quinta-feira, janeiro 05, 2017

Decisões para um novo ano

Por vezes, eu e a Cristina falamos em revitalizar este blog. O ano passado foi uma miséria. 
Nunca penso em desistir, em fechá-lo. Acho sempre que é uma fase mais difícil, em que os posts se acumulam em rascunhos porque são começados e nunca há tempo ou cabeça ou energia para os acabar. Penso muito no que vou escrever, construo os textos mentalmente... e depois ficam guardados só em mim. E não o quero, porque de cada vez que acedo ao blog para ler os antigamentes, principalmente aqueles que já não me lembro de ter vivido ou pensado ou sentido, sei que fiz bem, que aquilo são pedaços de mim, de nós, que ficarão ali para sempre... coisas que os miúdos poderão gostar de vir a ler (já gostam) e que lhes permitirão saber mais deles... e de nós... 
Neste ano de 2017 que agora começa, tomo a decisão - por enquanto unilateral, mas espero que a minha irmã me acompanhe - de voltar a circular mais por aqui. Sobre os filhos, os pais, o trabalho, as máscaras de Carnaval, as férias, o Natal, a política, os amigos, a nossa rua. Sobre tudo, sobre nada e, principalmente, os nadas que fazem o nosso tudo. 
E, mesmo assim, só consegui fazê-lo hoje, dia 5. 
Rita