segunda-feira, novembro 29, 2010

Tudo pode ser contado de outra maneira

No sábado passado fui ver um filme por mim muito esperado, o documentário “José e Pilar”.
Não sei o que dizer. Só que gostei muito. Que todos os que gostam das obras literárias de Saramago deveriam ver este documentário intimista e sem rodeios, filmado durante quatro anos, acerca do dia-a-dia da vida de José Saramago e sua companheira Pilar del Rio.
Com este filme ficamos com a ideia de ficar a conhecer muito mais o escritor, mas sobretudo o homem modesto que se tornou escritor. Podemos ver o homem que numa saúde muito débil continua a cumprir com as suas obrigações para com o seu público, que por respeito a quem compra as suas obras dá autógrafos durante horas e tira fotos com quem lhe pede. Podemos assistir ao seu declínio físico, assim como ao seu regresso à vida e à escrita. E observamos ainda o homem que, depois de quase morrer termina o seu livro, vê uma das suas obras em filme e chora de agradecimento.
Podemos ainda ver a sua companheira como uma mulher enérgica e defensora de ideias próprias, a forma como completa o homem-escritor, o homem-revolucionário, o homem-homem. Ficamos a conhecer muito melhor a mulher apaixonada por quem Saramago se apaixonou, porque é uma mulher apaixonante. Neste documentário compreendemos bem a firmeza de carácter e as ideologias da Pilar.

E se, por algum motivo, não gostavam do Saramago como homem podem sempre ir ver o documentário porque talvez mudem de ideia. Espero bem que mudem.

Eu não mudei. Eu fiquei com saudades...

Ana Cristina

terça-feira, novembro 23, 2010

Apareço, muito rapidamente...

... e entre uns dez dias seguidos sem folgas efectivas para vos dizer que estou muito mais descansada desde que o nosso primeiro afirmou convictamente que o nosso país está bem, e que não vai necessitar de intervenção do FMI.
Posso também dizer que desde que temos uns quantos veiculos tipo tanque guerra (encomendados para a cimeira da NATO, um deles entregue ontem e outros por entregar) me sinto mais segura. O que vamos pagar por eles não interessa para nada, se entrarmos em guerra já não necessitamos de comprar nem tanques nem submarinos.
E já agora aproveito para avisar, se amanhã não aparecermos é porque estamos em Greve.
Ana Cristina

sexta-feira, novembro 19, 2010

Data memorável

«Nô queio a popa.»
Foi o que o Vasco hoje a certa altura disse ao jantar. Tinha saltado uma refeição durante o dia e era o quarto prato de sopa seguido, por isso o espanto não veio da recusa. A surpresa foi mesmo a frase, com mais de duas palavras...
Com pouco mais de ano e meio, o Vasco já fala muito, pelo menos se comparar com a Alice, que começou bem mais tarde. Obviamente, se for olhar para a minha sobrinha Madalena, só com mais cinco meses do que ele, coitado, não lhe chega aos calcanhares. Em todo o caso, o importante é que a data de uma primeira frase é sempre memorável e importa fixá-la... qualquer dia já entra em grandes conversas...
Rita

segunda-feira, novembro 15, 2010

A história de alguém

Hoje conheci o Sr. A.
Muito interessante, o Sr. A.
Eu gosto muito de pessoas. Acho mesmo que, de tudo o que mais gosto no trabalho, são as pessoas. Se não as tivesse todos os dias, com as suas vidas, as suas tristezas e alegrias, acho que me sentiria muito triste, muito desmotivada.
O Sr. A chegou de um país distante, onde reina o Sol e se fala uma língua igual à nossa, mas mais cantada. Tem a minha idade, mas veio já há praticamente dez anos. Faz parte de uma fratria de oito irmãos, ele era o terceiro e os seus primeiros empregos tinham sido aos 13 anos. Os pais trabalhavam muito e tinham pouco tempo para os filhos, aproveitando o que restava para lhes ensinar dignidade, mas poucos mimos. De tal forma que o Sr. A, quando veio, deixou lá uma filha de meses com a qual ainda não tinha aprendido a ser afectuoso. O carinho fazia-lhe vergonha, achava que toda a gente iria olhar e gozar com ele.
Só cerca de seis anos mais tarde é que o Sr. A conheceu verdadeiramente a filha. Ela juntou-se a ele por pouco menos de um ano, para regressar depois ao seu país. Problemas de saúde por tratar, os mesmos problemas que a vinda dele para Portugal tinha começado a ajudar a resolver. Nova tentativa um ano depois, após o nascimento de uma segunda criança. Ela pensava que vinha só conhecer o novo elemento da família, haviam-lho garantido. Mas a ideia era outra, era deixá-la ficar.
Mas foi tarde. Ela não queria ficar, não queria aquela família, queria a outra, a que era sua porque lha tinham dado, o país que era seu porque era onde a tinham deixado, a sua casa, a sua vida. Tudo lá. E foi tão infeliz e fez os seus de cá tão infelizes, que estarem juntos passou a ser um tormento só capaz de imaginar para quem ouve.
Há uns dias atrás, porque amar os filhos pode significar ter de abdicar delas, o Sr. A deixou-a ir, na feliz expectativa de reencontrar a felicidade noutros braços que não os seus.
Eu sou mesmo uma pessoa de pessoas. Ensinam-me sempre alguma coisa.
Rita

domingo, novembro 14, 2010

Mais um desenho da Alice...


Agora, por vezes, quando alguém faz anos ou existe um qualquer tipo de comemoração, a Alice lembra-se de fazer uma prenda. No caso do casamento da Ana e do Fernando, há uns dias atrás, no Porto (*), foi este desenho. Por trás, escrevemos um título: "Os noivos". E também a informação de que a noiva estava a ir de bicicleta para o casamento porque não lhe apetecia ir a pé.
Rita
* O que significa que foi também a sua primeira noite num hotel. Escusado será dizer que adorou. Tudo, incluindo o pequeno-almoço. Tirando o bolo de chocolate que havia por lá, e que gulosamente foi buscar, para depois colocar à primeira dentada... era muito pouco doce...

quinta-feira, novembro 11, 2010

Adeus, "Senhor do Adeus"


A imagem foi retirada da net.
Durante muitos anos um Sr. sempre muito bem vestido, de idade avançada, acenava na rua de Lisboa a quem passava. Fazia-o sempre com cara alegre como se o retribuir desse aceno alimentasse essa sua actividade.
Durante muitos anos pensei que esse Sr. sofresse de solidão e todas as noites procurasse o combate a esse sentimento através do acesso a quem passava na rua, e retribuia o adeus.
Há pouco tempo soube que o Sr. se chamava João Manuel Serra, que tinha 80 anos, que era um amante de cinema, que tinha um blog sobre os filmes que todos os domingos via na companhia dos amigos no Monumental e que como actividade diaria acenava na rua a quem passava. Na entrevista que deu na Antena 3 ao Fernando Alvim o Sr. João Manuel Serra contou que era proveniente de uma família abastada, confessou que nunca tinha trabalhado mas que considerava a sua actividade um trabalho. O seu era um trabalho diferente; o de arrancar sorrisos a quem passava na rua.
Todas as noites acenava, no inicio da noite no Restelo (a zona onde morava) e a partir da meia-noite ia para o Saldanha. Deslocava-se de táxi entre locais de actividade por ter sido assaltado, mas que o dinheiro que gastava todas as noites não tinha importância, ele considerava que a sua missão era fazer mais felizes as pessoas.
Soube agora que o Sr. do Adeus morreu ontem. Não voltarei a vê-lo a acenar, mas sempre que passar pelos seus pontos de trabalho durante a noite vou imagina-lo ali, a dizer adeus a quem passa e sei que farei um sorriso. Eu e todos os que retribuíam o seu aceno.
Ana Cristina

quarta-feira, novembro 10, 2010

Paixões de Vasco...

Passou o tempo todo, desde que saiu da escola até ao jantar, de barrete (o que era do pai, de malha, à aviador... e absolutamente lindo...!) enfiado na cabeça... cheguei a pensar que iria querer dormir com ele...
Rita

segunda-feira, novembro 08, 2010

Nova fã...

Foi quando ela desenhou um Pai Natal com varicela e uma Barbie ao lado (acho que era para ser como se fosse dentro do saco) com uma cara cheia de olhos que me lembrei de ir buscar o livro do Tim Burton, "A Morte Melancólica do Rapaz Ostra & Outras Estórias".
Comecei-lhe a ler um pouco a medo, mas ela foi achando piada... e quando dei por isso, estava mesmo a rir à gargalhada com esta ilustração, da rapariga que olhava tão fixamente que, depois de ganhar um concurso de olhares fixos, resolveu levar os olhos a banhos, "para descansarem finalmente"... e depois explicava ao pai que o que estava ali pendurado eram os olhos («esta parte branca, estás a ver...?!») e ria, ria...
Está provado... a minha filha de cinco anos é uma nova fã de Tim Burton...


Rita

domingo, novembro 07, 2010

"It´s my party..."

Muito sinceramente, não me interessa o que esta mulher ingere ou consome... apaixonei-me pela sua voz à primeira vez que a ouvi e só desejo que ela cante ainda durante muitos e bons anos... Esta é nova, um remake de 1963... deixo-o para começarem bem a semana... minimizem e deixem a mulher a cantar enquanto começam o dia... é magnífico...


Rita

quinta-feira, novembro 04, 2010

...

Na noite passada, em conversa com algumas colegas, falávamos sobre os problemas actuais da enfermagem. Acaba por ser um assunto recorrente em tempo de restrições orçamentais mas também de mudanças na profissão. Nos últimos anos aumentou-se o tempo de formação em um ano, negocia-se o tempo de experiencia profissional tutorado para a obtenção de autonomia profissional, abriram-se de novo as formações especializadas e abrem-se portas para novas especializações (que durante uns anos estiveram praticamente bloqueadas), negociam-se o exercício tutorado para obtenção de autonomia como enfermeiro especialista. Por outro lado assumem-se apenas duas categorias profissionais das quais para atingir a segunda é necessário ser especialista, que não tem categoria, mas onde só se pode chegar por quotas dependentes de avaliação que podem envolver requisitos de malvadez.
No meio disto tudo, uma falta imensa de profissionais, uma alta taxa de desemprego, uma realidade que envolve a proposta de estágios profissionais a serem pagos à hora e a subcontratação para exercício em hospitais de serviço público e ordenados bloqueados umas vezes por causa da crise, outras porque os acordos de actualização da carreira de enfermagem não foram cumpridos.
Claro que o desânimo é muito e a sensação de impotência é quase generalizada mas eu sou incapaz de dizer a alguém que não vá para enfermagem se for esse o seu sonho. O resto fica para outro dia.
Ana Cristina

quarta-feira, novembro 03, 2010

Às vezes...

... o trabalho torna-se novamente um sítio para onde nos apetece ir. Onde rimos, descontraímos e nos encantamos com as imensas possibilidades do que nos oferece, a cada dia. Onde as horas extra deixam de pesar e de dar vontade de chorar. Onde voltamos a sentir um frémito de excitação.
Às vezes isso acontece num momento imperceptível do qual só retemos um leve odor a esperança. E depois o tempo passa devagarinho, com pezinhos de lã. Um dia acordamos cedo, para trabalhar cedo e já depois de uma noitada de trabalho... e apercebemo-nos que tudo mudou. Que os anos parecem recuar. Que nos apetece estar ali, que nos apetece trabalhar, que temos orgulho no nosso trabalho, em quem somos, em quem conseguimos ser ou em quem acreditamos poder vir a ser.
Que o mundo nos está a sorrir outra vez.
Rita

terça-feira, novembro 02, 2010

A mecânica do coração

Confesso que comprei este livro pela sua linda capa e pelo título atractivo, porque do autor não tinha qualquer referência. Actualmente sei apenas que Mathias Malzieu, é vocalista de uma banda de rock francesa e, no campo da escrita, é autor de vários contos editados e de um romance. O livro que venho falar hoje foi assim uma descoberta de um autor que ficará para sempre na minha lista dos que devem ser lidos mais vezes.

“A mecânica do coração” é sobretudo de uma linda e doce história sobre o amor. No final do séc. XIX, numa época sombria e pobre em emoções há personagens que fazem a diferença porque amam de forma pouco convencional; uma mulher que conserta defeitos de crianças abandonadas para que possam ser adoptadas por novas famílias, uma criança com voz de pássaro e que desperta paixões, o inventor que sofre de desamor e o jovem que vive com medo de morrer de amor mas que não resiste a esse sentimento porque ao mesmo tempo é esse mesmo amor que o faz sentir vivo.

Ao estilo de Tim Burton ou de Lewis Carol, como podemos ler no resumo da contra-capa, encontramos um livro de fácil leitura, que eu gostei muito e que aconselho a quem gosta do estilo.
Ana Cristina
Notas: Este livro já tem uma edição com outra capa, igualmente bonita. E, se estiverem interessados posso editar o resumo.

segunda-feira, novembro 01, 2010

O post que não consegui fazer ontem...

Espero que tenham tido um feliz Haloween... Por cá não houve oportunidade de festejar em grande, com mascaradas completas e lanches com os amigos - como tantas vezes desejei refazer, mas infelizmente este ano estou em standby para o trabalho - mas houve quem se vestisse de bruxa, se pintasse a rigor e andasse toda orgulhosa pela rua e num centro comercial*... uma bruxa de botas "caminheiras" cinzentas e rosas, mas em todo um caso, uma bruxa.

Rita

* onde tirei a fotografia de cima, mas não pude tirar mais nenhuma porque é proibido...