quarta-feira, agosto 28, 2013

Três... a conta que nós fizemos...

São engraçadas as reações quando se conta que se espera um terceiro filho.
Há o grupo grande - talvez não tão grande, mas grande para nós, porque é o nosso grupo, a família, alguém lhe chamou há poucos dias "a nossa comunidade" - que se abre num sorriso de felicidade pelo aumento do "nós".
Há aqueles em menor número, que revelam um pouco de inveja da nossa novidade.
Há um grupo de incrédulos, que diz que somos doidos.
Outro, também de espanto, que nos qualifica de corajosos.
E penso que talvez outro pequeno, com apenas espanto pela decisão e talvez a fazer interiormente contas à vida, à nossa, entenda-se.

Vivemos tempos menos fáceis, é verdade. Cá em casa há dois funcionários públicos, por isso são escusadas palavras (espero).
Será por isso que se fala em coragem...? É preciso ter coragem para ter filhos? Ou apenas para ter mais um filho, tendo em conta os tempos que correm? Ou é por nos aventurarmos nos três?
Acho que é bom poder ter, claro. Mas o essencial é querer ter, não? Essas deverão ser sempre as duas ideias subjacentes ao desejo de ter um filho: querer e poder. A disponibilidade, o tempo, isso vem por acréscimo da motivação. Até a facilidade... é estranho, mas, havendo coisas em que ter mais um dificulta, em outras só facilita. Tornamo-nos obrigatoriamente menos preguiçosos, menos picuinhas, mais pacientes, mais ágeis... até, penso eu, mais novos...
Hoje, a Ana contava as dificuldades de pôr o único filho na cama, adormecê-lo durante uma hora e meia, ao colo, em absoluto silêncio. Perguntava como conseguiamos nós, as amigas, ter hobbies, costurar, cozinhar, quando tinhamos dois. A resposta tem a sua simplicidade. Há coisas que não se conseguem com dois. Não dá. O segundo não permite. Por isso, nem sequer se pode ou se pensa nisso, há automaticamente que explorar outras soluções. E, estranhamente, ganha-se, fica-se com mais tempo, mais capacidades na resolução de situações, mais sentido prático, mais pragmatismo.
Claro que nas rotinas diárias, ter mais um não ajuda. Agora, que temos estado uns dias cá por casa sem filhos, acordamos mais tarde, comemos qualquer coisa. Mas, ao mesmo tempo, quando estão cá, também os obrigamos a uma maior independência, autonomia.
 
Claro que tudo isto são pensamentos. Os meus. De quem espera mais um. E anseia por ele, signifique o que significar. Mais trabalho?! Quero lá saber... Nem sei se sou corajosa... sou, neste momento, só mais feliz...
Rita

terça-feira, agosto 27, 2013

Decisão de hoje

Fala-se muito sobre o facto de irmos deixando de fazer coisas à medida tendo filhos... ok, isto parece estranho... mas que nos descontraimos perante mais uma experiência... e que isso começa na gravidez.
De facto, há algo de verdade nisto. Tinha pensado que iria tirar muitas fotos, uma com a mesma roupa, no mesmo local, de mês para mês (algo que uns primos fizeram e que sempre achei uma ideia excelente). Nada. Até agora, quase não tenho fotos.
E foi isso que me fez tomar uma decisão, hoje. A partir de agora, que estou de 22 semanas de gravidez (cinco meses e meio, mais coisa menos coisa), vou tirar uma foto minha todas as semanas. Vou ali pôr um alarme semanal no telemóvel e já venho.

 
A ver se na próxima me lembro de tirar dali o cadáver do manjerico.
Rita

sexta-feira, agosto 23, 2013

O Chiado



Parece-me inacreditável que tenha sido há vinte e cinco anos.
Eu tinha 12, estava de férias em Viana do Castelo e lembro-me de se falar nisso durante dias e telejornais a fio. Toda a gente devia conversar sobre o assunto, de tal forma foi gigantesco...
Quando eu e o meu primo Pedro viemos para Lisboa, pedimos à minha mãe para ir ver o que restava do Chiado. A ideia que tenho é que a maior parte do entulho já tinha sido retirada das ruas e que tinham construído uma passagem em metal pelo Chiado, uma passagem bem resistente, cinzenta e com tejadilho, como uma espécie de mórbida ponte sobre a desgraça. Recordo-me de estar excitada com a perspectiva de visualizar ao vivo o tão grande horror que tinha acontecido, mas de ter ficado tão impressionada com o cheiro a queimado e o cenário de destruição, que me fartei de ter pesadelos a noite inteira. Nunca mais me esqueci.
É esquisito pensar que tenha sido há tanto tempo, acho que não calculava que fosse há tanto. E é bom pensar que, apesar das más recordações e das duas mortes, o Chiado e Lisboa deram a volta, resistiram, sobreviveram, reconstruiram-se, refizeram-se.
Rita

Eheheheh, consegui resistir a escrever sobre a bebé e a gravidez e tudo o que sinto neste momento, viva...

quinta-feira, agosto 22, 2013

A tão esperada eco

E foi assim que, ontem, entrámos todos para o consultório onde iria decorrer a ecografia morfológica e, durante uma hora, pudemos ver o novo membro da família por inteiro. Braços, pernas, nariz, boca, dedos das mãos e pés, coração, estômago, rins, cérebro, diafragma, sangue para um lado e para o outro. E também um "pipi".
Nos meus interiores mora então uma miúda, com cerca de 442 gramas de peso, ou seja, percentil 50 (o peso médio que parece que os meus gostam de perder após o nascimento).
 
Para nós, desta vez, o género era indiferente, se bem que tendo a pensar que será melhor para o Vasco ter o síndroma de sanduiche conseguindo, pelo menos, manter um lugar único na família, o do rapazola. É engraçado, para quem como eu já quis tanto ter só filhas meninas, voltar a pensar com agrado em vestir os antigos vestidos da Alice, ao mesmo tempo que se sente alguma pena em ter a ideia que vai perder a hipótese de ver repetidas as conversas do pirralho lingrinhas sobre músculos e super-heróis...
Os manos estão contentes, isso é bom.
E a miúda, ainda em regime de SPA, permanece indiferente a tudo isto e também ao facto de ser ainda uma mulher sem nome. Já comunica, desde a semana passada (20 semanas), primeiro em movimentos suaves e quase impercetíveis, e agora cada vez mais e melhor, várias vezes por dia. Chamei-os há uns dias, para encostarem as cabeças à barriga, comigo deitada (era a única posição em que na altura eu sentia alguma coisa). A Alice reconheceu (?) um pontapé... o Vasco disse que ela estava a chorar lá dentro...
 
Agora é que isto vai começar a ser mesmo mesmo MESMO fixe...!
Rita

segunda-feira, agosto 12, 2013

Até agora...

Cinco meses.
Estou com cinco meses de gravidez e tinha planeado para mim mesma falar aqui nestes dias a passar e em tudo o que eles me trazem... ainda por cima tendo em conta que não passarei mais vezes por isso... E afinal...
Veio o final do ano lectivo, e as férias, e a gravidez, e alterações de férias de última hora, e coisas de saúde... e às vezes a noite chega e não me apetece fazer rigorosamente nada, só aproveitar para descansar depois dos miúdos irem para cama... e tudo o que penso e sinto vai ficando para depois, para escrever mais tarde, num outro amanhã...
Portanto, que é assim. Amanhã começo.
Rita