terça-feira, novembro 25, 2008

A Turma

Ontem fui ao cinema ver um filme muito interessante. Numa escola secundária localizada nos subúrbios de Paris e habitada por comunidades emigrantes de origens diferentes, uma turma retrata muitos dos conflitos da adolescência actual, e a sua interacção com a escola. A acção dos professores, as suas atitudes e impotências perante esta realidade está presente neste filme, que mostra o quão importante é qualquer que seja a acção de um docente.
Filmado sem preconceitos, temos a ideia de estarmos dentro da escola com uma câmara escondida. Assistimos a conversas entre professores, a reuniões com encarregados de educação, ao decorrer de aulas. Tudo isso com aquela sensação de ser tudo espontâneo.
Sem muito mais para dizer acerca do filme “A Turma”, que na sua forma original tem um título muito mais interessante (“Entre les Murs”) aconselho a todos; jovens, menos jovens, professores, alunos, pais ou futuros pais, gente que se interessa pelo mundo em que vivemos… a verem este filme. Eu vou comprar o livro que lhe serviu de origem.

Ana Cristina

segunda-feira, novembro 24, 2008

Observações várias, para não esquecer o(s) momento(s)

- Ontem foi a primeira vez que a Alice quis levar uma malinha com ela quando saiu de casa. O pai tinha acabado de fechar a porta para ir buscar o carro, que havia ficado estacionado mais longe, e ela grita do quarto, para onde tinha acabado de ir a correr, algo do género: «Esperem, eu estou aqui, também vou!». E aparece de repente, a correr, agarrada ao saco-mochila da escola, enquanto eu a tranquilizava que ainda estava em casa, o pai só tinha ido buscar o carro. Olhei de forma estranha para o saco: «Porque é que trazes o saco da escola? Não vamos para a escola, vamos para os anos da bisa M.». E ela: «Quero levar uma mala. O pai leva uma mala, tu levas uma mala, eu também quero levar uma mala.» E levou, uma muito giraça, a primeira da sua vida.
- Ainda não sinto o meu bebé, às 21 semanas. Começo a ter hesitações sobre algumas sensações, tal como tive na primeira gravidez. «És tu? Olha, isso foste tu aí em baixo?». Ainda não responde ao toque, nem à voz, nem a nada, aparentemente. Confundem-me as sensações leves, que não se parecem com mais nada e que, de facto, me suscitam ideias de que é ele. Não deveria estar a sentir? Não devia ser mais experiente nisto? Não deveria perceber logo logo, sem me interrogar?
- Quando fazemos um desporto na gravidez, toda a gente fica a conhecer o nosso nome muito rapidamente. Senti isso da outra vez com a hidroginástica e agora com o pilates (também faço Rute, mais ou menos desde a mesma altura que tu! foi transmissão de pensamentos gravídicos!). «Está bem, Rita? Tenha cuidado, Rita... Essa cara significa o quê, Rita? O melhor é não fazer isto assim, Rita...» Tenho ideia que há colegas há muito mais tempo ali do que eu, mas é o meu nome que é referido a toda a hora. É engraçado. Uma gravidez acaba mesmo por ser quase sempre partilhada, mesmo que pouco visível, mesmo que com pouca interferência.
- A azia ainda não está aí em força, mas começo a pressenti-la. É horrível ter azia. Uma sensação de acidez e queimadura ao longo da garganta e diafragma (?)... Sou uma sortuda de só ter sabido o que era isto na gravidez. Nunca antes delas e nunca mais depois, espero. E já agora: é redondamente mentira que quando se tem azia os bebés nascem cabeludos (claro que sim, né?! mas é só mesmo para o pessoal com essa dúvida ficar a saber...). A Alice nasceu praticamente careca.
Rita

domingo, novembro 23, 2008

Prendas antecipadas


Os avós perderam a cabeça e ofereceram à neta (já pelo Natal), estes sapatos lindos - mas tão caros - da Camper, uma das minhas marcas de calçado preferidas... Ela adora-os (estão cheios de "pintarolas"! para quem não esteja actualizado, os novos "smarties") e devem ser super confortáveis, porque andou com eles o dia todo: de manhã em casa, sem meias, à tarde já vestida a rigor para a grande festa de aniversário (80!) de uma das bisas. Não são o máximo?!
Rita

quinta-feira, novembro 20, 2008

Duas gravidezes


Tal como na primeira, vimos os dois o resultado do teste ao mesmo tempo, e tal como na primeira, ficámos os dois muito felizes. Tinham sido as duas muito bem planeadas, tinha havido idas ao médico e análises e eu seguia atentamente os dias no calendário. Tudo o resto foi diferente.
Desta segunda, eu soube, de alguma forma física ou instintiva, que estava grávida antes de fazer o teste. Era algo que estava relacionado com uma sensação nos ossos da anca quando fazia o movimento de me levantar da cama pela manhã. Ou a ligeira náusea a acompanhar-me pelo dia fora. Ou o sono. Ou poderia estar totalmente enganada, claro...
Desta segunda, descontraí e tive quase de me forçar a ir ao médico pela primeira vez pouco tempo antes das 12 semanas. Contámos mais cedo a toda a gente, não comecei a tomar logo o ácido fólico e não tive problemas em falar com o médico sobre o impedimento ao trabalho nocturno (o que na primeira aceitei até aos 08 meses...!).
Desta vez, entrei na grelha de partida com mais dois kg e, talvez por isso ou não, não me habituei ao crescimento abismal do peito logo de início. Da mesma forma, a barriga arredondou e eu senti-me gorda. «É que da outra vez não foi assim», ouvia-me a dizer...
O que descobri ser igual e deixei de achar que estava relacionado com as mudanças de estação do ano, foi aquela passividade e até desânimo do primeiro trimestre. O que descobri ser maior, mas mesmo muito maior (para além do peito e barriga) foi o sono, a começar muitas vezes antes das 22H30 e talvez sob influência dos - esses sim, totalmente novos a cada dia que passa - três anos de maternidade.
Enjoos, nada. Como se desta vez o corpo já reconhecesse tudo isto. E talvez seja mesmo isso, não sei, é uma segunda vez mas já não é tudo totalmente novo.
As contracções, por exemplo. Agora sei exactamente quando as tenho (aquelas não dolorosas que representam a preparação do útero para o grande momento), já não preciso de uma máquina de ctg para saber disso.
E há o toxoplasma, é importante de referir. Eu não sou imune ao dito. Não era da primeira e tornei a não ser da segunda. E se me achei informada pelo médico antes, agora, pelos meus próprios meios acrescentei mais alguns dados relevantes. E por isso comi ontem uma deliciosa sandes com carne e salada lá dentro. Não o faço por hábito, mas fi-lo ontem. Sem stresses e angústias.
E agora aguardo ansiosamente pelas iguais e diferentes mexidelas dentro de mim, pelo ondular da embalagem exterior, a mostrar a dança de quem anda lá por dentro. Ou por soluços, nunca antes experimentados.

Rita

A propósito da fotografia... não confirmo nem desminto a existência cá por casa, numa gaveta da casa-de-banho, dos dois ditos testes... até porque isso seria um romantismo um bocado nojento, que pode vir a denegrir a minha imagem...

Ensaio sobre a cegueira (2ª parte)

Queria deixar aqui a minha opinião acerca do filme que acabei de ver mas, tal como me acontece quando algo me toca profundamente, também hoje está a ser difícil expor-me.
O que sinto? … O mesmo aperto que experimentei quando li as palavras escritas e o interpretei como uma lição para a vida. Aquela angustia de “ver” a humanidade descrita de forma tão crua e nua mas ao mesmo tempo tão esperançada no poder da consciência social. Se a cegueira dos que “vendo, não vêem” é inibidora de uma sociedade saudável, talvez só tenha essa percepção quem tem a consciência da sua própria cegueira… e essa aprendizagem dói.

Em relação ao filme só tenho a dizer bem. Uma interpretação muito fiel do romance de Saramago (que é positivo pois o livro está cheio de imagens muito fortes), numa realização em que gostei muito por nos apresentar um retrato de um caos social onde a perda da dignidade quase fere quem vê. Blindness é um filme violento por violenta ser a sua história, mas poupa-nos a cenas explicitas de agressividade desnecessária, deixando que a imaginação faça a sua função. Há várias cenas marcantes e será até injusto referir uma, mas não posso deixar de assinalar a das mulheres cegas que lavam a mulher morta restituindo-lhe a dignidade perdida.
Concordo com esta e esta opiniões. E, mais uma vez, se classificasse esta obra numa escala de 1 a cinco daria 5.
Convido as nossas poucas visitas mas muito fiéis, que devem ser todas mulheres, a pensarem e exporem (se quiserem, claro) a sua interpretação acerca dos papéis sociais femininos e masculinos desta história. E se não a conhecem, não deixem passar. Vão vê-lo antes que a cegueira branca também vos atinja a vós.

Ana Cristina

terça-feira, novembro 18, 2008

Começam os preparativos para o Natal

Pouco mais de um mês antes do Natal começo a fazer projectos de pequenos presentes e lembranças que possam ser elaboradas por mim ou pelas Oficinas.
Como já tivemos oportunidade de o contar aqui, as Oficinas começaram por, estas duas irmãs, elaborarem presentes em conjunto para as suas amigas. Em determinada altura já toda a família aguardava uma originalidade nossa. No início chegamos a fazer umas caixinhas forradas para servirem de porta-chaves e umas latas para porta-lápis (uma ainda está na casa dos pais) e até por um conto que a Rita escreveu (no tempo em que ela queria ser jornalista e escritora como a Alice Vieira) para uma troca de presentes. Anos depois pintámos umas caixas de madeira para as nossas amigas, e umas calças para a Ana… e aí começou a aventura dos pincéis…
Penso nisso e lamento não ter tempo para me dedicar às nossas criações e este ano ir toda a gente corrida a presentes Oficinas RANHA
Hoje estive a fazer a lista das pessoas a quem vou oferecer presentinhos e, tal como em anos anteriores, assustei-me por ser tão grande. Espero que, tal como nos outros anos, a consiga cumprir… e espero através das Oficinas oferecer alguns originais (já tenho uma lista de material para comprar amanhã).
Ana Cristina
Mais um fim de dia... quase sem energia...
Rita

segunda-feira, novembro 17, 2008

"Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara."

Ontem fui ver o "Ensaio sobre a Cegueira" em filme. Já li o livro há uns anos valentes, mas pareceu-me "relê-lo". Gostei muito.
O livro é um marco nas minhas leituras, marcou-me profundamente, penso que mais do que qualquer outro do Saramago. E aconselho-o sempre, a qualquer pessoa, principalmente a quem queira ler algo do autor.
O filme é uma verdadeira adaptação e sabemos o quão isso é difícil de atingir. Só por tentar, eu já tiraria o chapéu a Fernando Meirelles. Mas considerar que de facto ele conseguiu transmitir o desespero sentido por quem lê a obra, aquela imensa depressão de quem chega a determinado momento e sabe, sabe porque sim, que seria exactamente assim, que o mundo se transformaria naquilo, que nós chegaríamos tão baixo... e claro, por conseguinte, o terrível e irónico alívio de chegar ao fim e pensar que tudo não passa de uma história...
Aconselho, não percam. Mas, se tiverem de escolher, escolham obviamente o livro. Porque a imaginação é tão mais poderosa que os olhos...
Rita

segunda-feira, novembro 10, 2008

Senhoras e senhores, meninos e meninas, respeitável público leitor, possíveis fãs e afins:
Cumpre-me informar que devido a um prazo apertado e importantíssimo no trabalho, não virei a este espaço até quinta-feira. E, confesso, mesmo nesse dia não creio, devo estar tão arrasada com as horas tardias de adormecimento, as madrugadoras de alvorada e as diárias de stress constante, que acho que será o sofá o meu grande e quase único amigo...
Até ao meu regresso (e com o meu, o de cá da casa, filha diabrete e filho embalado incluído)!

Rita

quarta-feira, novembro 05, 2008

Outra dela...

(... para não me esquecer... isto provavelmente agora vai ser até vocês ficarem enjoados... dêm um desconto, as mães são sempre babadonas das coisas mais comuns que os filhos digam...)
- Mãe, quando o meu bebé sair cá para fora, vais pôr aqui [faz um gesto com os braços como se fossem um berço, presumivelmente estará a falar do colo dela] e depois ela [é quase sempre uma "ela" nas suas palavras] vai usar isto [o cachecol que tinha à volta do pescoço]... e eu vou emprestar-lhe as minhas roupas...
Rita

Isto hoje não dá para mais, o tempo está em conta-relógio...

terça-feira, novembro 04, 2008

Cá em casa...

... há outros gatos que não o Pilas. O gato dos chinelos, por exemplo.
Quando chega da rua é recebido com muito entusiasmo. Deve trazer muitas novidades de um mundo cheio de cheiros estranhos...

Ana Cristina

segunda-feira, novembro 03, 2008

O nosso bebé

Ontem contámos à Alice que a mãe tinha um bebé na barriga, que por isso ia ficar com a barriga grande, ia ficar gorda, que ela ia ter um mano ou uma mana e que podia fazer as perguntas que quisesse sobre isso, quando quisesse.
A parte de não podermos escolher o género não a convence totalmente, a ela que quer uma mana a todo o custo. Perguntou quem escolhia se o bebé era um mano ou uma mana, como se pudesse ir dali intimar o responsável da sua vontade.
De toda a curtíssima conversa, o que achei mais graça foi a expressão dela de alguma surpresa quando lhe disse que este bebé era nosso, de nós os três.
Não reagiu muito e, embora tivesse dado dois beijinhos na minha barriga quando uns amigos saíram cá de casa, não tornou a falar no assunto e recusou a minha proposta de contar esta novidade aos tios.
Hoje, quando subia as escadas da escola no final da tarde, uma Auxiliar disse-me que a primeira coisa que a Alice tinha feito quando chegou ao recreio tinha sido dizer-lhe: «sabes Carolina, a minha mãe tem um bebé na barriga.». Garantiu-me que ela estava muito contente e que tido contado a toda a gente, o que eu vim a verificar pela quantidade de parabéns que fui recebendo.
Quando cheguei à sala do ATL, a Alice correu para mim, deu-me um beijinho na barriga e estendeu-me metade da carcaça com manteiga dela. E acrescentou: «o bebé pode comer pão?».
Já em casa à noite, utilizou a expressão «o meu bebé na tua barriga»...
Relembro isto e sorrio, mas quase de lagriminha no canto do olho. A minha menina dá os primeiros passos no maravilhoso mundo de quem tem irmãos.
Rita

sábado, novembro 01, 2008

Noutros tempos...

... hoje estavamos a arrumar a casa e a descansar da festa da noite passada.
Como num outro Carnaval, a Noite das Bruxas entrou no nosso calendário quando cá em casa se faziam pequenos festejos por qualquer motivo. Durante vários anos a data serviu para festas privadas, decoração especial e cozinhados muito próprios. Foi mesmo parte do ritual de entrada na família e grupo de amigos. E como na festa de Fevereiro foi deixando de ser festejado ao mesmo tempo que as famílias foram aumentando e fomos envelhecendo.
Ontem à noite, em vez de me mascarar de bruxa, vampiro ou morta-viva estive a ver fotos.

Ana Cristina