quarta-feira, abril 02, 2014

Dia Internacional do Livro Infantil

Hoje é Dia Internacional do Livro Infantil e, como os livros, a leitura e a escrita são das coisas que mais gosto, resolvi dedicar-lhes um post.
Lá em casa, a ideia que tenho é que houve mais livros juvenis do que infantis. Todos eles foram muito relidos e gozados, de frente para trás e de trás para a frente, com direito a decorar ilustrações e localização visual de parágrafos. Alguns desses livros foram para casa da Cristina, outros ficaram na casa dos meus pais, para que os miúdos possam lê-los quando para lá vão, e outros encontram-se na estante lá de dentro. Foi a esses que recorri para tentar lembrar-me dos que me tocaram na infância.

1.
Antes de saber ler, lembro-me de desejar ardentemente saber fazê-lo. Tenho a recordação de um sentimento forte em relação a isso, calculo que tivesse os meus cinco anos. Ia para casa da Dona Maria do Céu, a vizinha do andar trocado com o nosso, e para além de falar e brincar com ela, divertia-me a descobrir os livros do Astérix do Zé. A Dona Maria do Céu não sabia ler e escrever e, à falta da possibilidade que mos lesse, lia-lhos eu. Olhava para as ilustrações e contava a história à minha forma, através da observação. Da Dona Maria do Céu, falecida prematuramente, tenho poucas recordações em termos de aspecto físico, mas hei-de sempre lembrar-me do seu espanto risonho quando me ouvia. Ela achava graça ao facto de eu parecer saber ler e de "ler" para ela. Comentava-o sempre e deve tê-lo feito tantas vezes que eu associo os Astérix aos primeiros livros que me deram prazer descobrir, os que primeiro devo ter devorado quando consegui descodificar a leitura.
Em relação a banda desenhada, cá por casa andam também os dois livros do Petzi da minha infância. O Petzi de aventuras fabulosas e de gosto desmedido por pilhas de crepes... quem não gostaria...?


2.
"O meu pé de laranja lima" é o que me ocorre quando penso no livro da minha infância.
Costumo pensar que tive uma sorte bestial de ter uma irmã oito anos mais velha que adorava ler. Foi por causa de a ter encontrado a chorar enquanto lia este livro que eu decidi que o quereria ler. Ainda me lembro de ti, Cristina, a dizer-me que os livros grossos e só com letras eram espectaculares e muitos melhores do que os outros... "O meu pé de laranja lima" foi o livro que me abriu horizontes para a leitura, que fazia rir e chorar e que contava coisas inimagináveis, do tipo que não vinha nas Anitas. Li-o no Verão depois de fazer a 1ª classe, tinha 06 anos, e nunca mais deixei de querer encontrar esse tipo de livros, os que nos transportam a sensibilidade e nos fazem sentir para além de nós.
O exemplar da nossa casa era como este... as alterações de capa nunca me satisfizeram e por isso ainda não há nenhum por cá, tenho que dar umas voltas nos alfarrabistas...


3.
Certamente que os livros que mais preencheram a minha infância (e juventude) foram os da Alice Vieira. À Cristina foram oferecidos os primeiros cinco (do "Rosa minha irmã Rosa" ao "Este Rei que eu escolhi") e a mim todos os restantes, de tal forma eram modeladores da minha preferência...
Ainda hoje... a Alice andou a ler na escola o "Rosa minha irmã Rosa" e quando ele saiu da prateleira para as minhas mãos, para lho entregar, não fui capaz de deixar de reler passagens. Coisa maravilhosa, a escrita da Alice Vieira, ainda hoje. Estou ansiosa que ela traga o livro novamente, vou relê-lo, provavelmente pela 500ª vez na minha vida...

 
 4.
Cá em casa, há muitos livros infantis. Acho eu. Tenho mesmo que nos inscrever numa biblioteca, para deixar de me apetecer comprar um montão de livros para os miúdos de cada vez que vou a uma livraria. É a minha zona preferida actualmente, adoro folheá-los, descobrir-lhes as ilustrações, imaginar as reações deles quando os lermos em conjunto (o que, desde a gravidez, tem sido complicado, diga-se).
Não sou capaz de apontar o meu livro infantil preferido neste momento, mas sou perfeitamente capaz de eleger o Planeta Tangerina como a minha editora infantil número um. Os seus escritores e ilustradores são fabulosos, todos os seus trabalhos e escolhas são extraordinárias... nota-se a verdade no seu compromisso, o pormenor com que cada obra é pensada... fico ansiosa por abrir cada novo livro e só não dá é para os comprar a todos, se não não escapavam às nossas prateleiras...


Rita

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