quarta-feira, dezembro 10, 2008

Filho homem 2

A primeira vez que me apercebi que o puto começava a tornar-se uma ideia agradável na minha vida, foi ainda nas férias, pouco tempo depois das 12 semanas. Estava numa praia e reparei numa família de estrangeiros, pai, mãe, filha rapariga mais velha, talvez com 06 anos, e filho rapaz mais novo, talvez com 02. Ambos lingrinhas, loiritos e com olhos azulões. «Olha nós daqui a uns tempos...» Assim, quase sem dar conta.
Depois vieram as lojas. Um olhar ligeirinho para a secção do lado de lá, «Já agora, deixa ver as roupas, a ver se vejo alguma coisa gira.» E as primeiras pesquisas pessoais, não a pensar nos amigos pequenos, mas em mim, em nós. Nele.
A história será mais ou menos comum. Uma pessoa vai-se mentalizando e "forçando-se" mais ou menos a pensar com naturalidade nas coisas que começam por ser... menos agradáveis para nós. De tal forma que, quando o género se confirma, a notícia já não entristece, até já tem os cunhos positivos que tivemos possibilidade de atribuir. Mas claro, ficam resquícios a que a nossa mente se agarra.
No caso deste pilas, chateava-me particularmente a questão do quarto. O quarto da Alice, tão amorosamente preparado por nós, com móveis aproveitados e repintados de cor de rosa e verde, com flores... O quarto que teríamos de modificar, sabe-se lá para o quê, com o prejuízo do rosa ser algo essencial na vida dela actualmente.
Pela minha cabeça não passava qualquer ideia para aquele quarto. E eu habituava-me a olhar para as roupitas dentro do roupeiro, e a pensar «sabe-se lá se tornará a ser usado», mas sem qualquer pesar. Depois fechava o roupeiro e ficava a olhar para as flores, para o rosa. Sem ideias, vazia de formas de incluir o pilas naquele espaço.
Decidi esperar. Não ia forçar qualquer decoração, o rapaz não ficaria traumatizado de dormir temporariamente num quarto em tons de rosa e verde, com flores.
E depois, um dia, a ver uns livros infantis, a imagem bateu. De repente. Uma inspiração suficientemente vaga, mas suficientemente certeira, sobre desenhos, cores, coisas. E nessa altura senti-me feliz. A minha mente abria-se para o meu filho menino. Começava a incluí-lo, a amá-lo. Estava pronta para o receber.
(continua)
Rita

2 comentários:

rutinha disse...

eu e o C. sempre falámos numa menina, e há mtos anos que ela já tem nome e tudo.na verdade, até falávamos em ter 2 meninas, como se se pudesse escolher...
desde que soube q estava grávida, sempre disse que vinha um rapaz não sei porquê e, portanto, quando vi as duas bolinhas e uma pilinha na eco não fiquei surpreendida, mas saí de lá sem saber o que sentir. Para rapaz nem nome tínhamos, as roupas de menina são mto mais giras e as decoração dos quartos idem...
não fiquei triste mas ainda demorei uns dias a assimilar!hoje não imagino como seria se tivesse havido um equivoco médico e nascesse uma menina...

um beijinho grande

ps - estamos mto proximos do natal, presumo que seja complicado um cafe com leite (nao me esqueci) até ao final do ano? se nao der, fica para janeiro sem falta, de preferencia ainda barriguda!!!

Faz de Conta disse...

Pois eu sinto o contrário... acho que não me entenderia se tivesse agora uma menina!!!

Bjos :o)
Carla