Vou tentar explicar o cenário de ontem, no Parque, mesmo no finalzinho de uma festa de anos. O pessoal adulto agrupava-se, ora a ver os restos do jogo Brasil-Chile, ora a conversar. O pessoal pequeno andava no parque infantil.
De repente, uma senhora atravessa a relva, passo acelerado e furioso, e vem ter com umas das miúdas mais crescidas (de 8 ou 9 anos), cobrar-lhe o facto de ter torcido o braço ao seu filho, bem mais pequeno. A miúda olhava-a entre o surpreendido e receoso, sem conseguir dizer nada. Aliás porque nada lhe havia sido perguntado pela senhora.
A mãe da miúda saiu do nosso grupo e foi então perguntar à filha o que tinha ocorrido. Ao que parece, o menino, mesmo que mais pequeno, tinha andado atrás do grupinho das nossas miúdas, a insultá-las (aliás, tinha passado também bastante tempo da festa de anos a chatear todos os meninos que conseguia) e, em determinado momento, como se tal não lhe bastasse, tinha agarrado numa pedra e encontrava-se a ameaça-las com ela. Tinha sido nesse momento que a miúda havia interferido e decidido afastar o perigo.
Fiquei chocada. Não com a história, não com a postura da miúda ou do pequeno... Mas com a da mãe... Que, sem ter testemunhado a cena, decidiu vir, não esclarecer ou inquirir a menina, mas reclamar com ela... Pareceu-me, sinceramente, um exemplo da forma como determinadas - infelizmente, tantas - pessoas escolhem viver a vida, sem dar valor ao contraditório, sem duvidar, sem analisar, sem tentar perceber, escolhem partir em frente assumindo uma só posição. Não teria sido mais justo vir perguntar à menina o que tinha acontecido? Tentar esclarecer e assumir uma posição equilibrada?
Não percebo... Como podemos pretender evoluir, enquanto seres individuais e colectivos, sem ponderarmos, nas situações mais simples, colocarmos-nos do outro lado, do lado do outro...
Rita
1 comentário:
E tambem penso que é um reflexo de como as pessoas consideram as criancas cidadaos de segunda, acusados sem provas e muitas vezes sem diteito a defesa.
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