segunda-feira, março 03, 2014

Dois meses de Joana


 
Ficávamos as duas muito tempo em casa porque ela era pequena e o tempo estava uma treta lá fora. Quem tem bebés sabe como não dá jeito nenhum sair de carro quando chove: o "ovo" é um peso tremendo, não dá para andar com guarda-chuva, quando se tem uma chave de carro que só abre na ignição, tem de se andar às voltas até conseguir estar pronto para sair... Sair de carrinho está fora de questão, apanhariamos chuva e aqui à volta as ruas são extremamente inclinadas e os passeios são completamente tortos. Ter um filho em pleno Inverno chuvoso não é fácil e acabámos por ficar em casa a namorar-nos mutuamente.
Assim que o tempo melhorou, ala de pôr a miúda no sling ou no pano e começar a passear. No princípio, o efeito notava-se muito... um ou dois dias pendurada em mim e dava logo azo a momentos de muito mais choradeira quando se esperava que adormecesse na cama...
 
Então, nestes dois meses em que tenho vindo a conhecer a miúda e a miúda se tem vindo a conhecer a si e ao mundo, posso dizer - e não necessariamente por esta ordem de importância - que:
 
- Por data do primeiro mês, a rapariga começou a sorrir. Eram sorrisos inseguros, ainda o treino apalermado de uma expressão. De tanto treino, nosso e dela, a miúda agora escancara a boca toda e, como todos os bebés, fica o máximo. Sorri muito, para mim essencialmente - que, como diz a K., sou a sua pessoa preferida - mas também para o pai, irmãos (mais para a Alice, que lhe dá mais do seu tempo), tia Cristina, e qualquer pessoa que se meta com ela quando está bem disposta, na maior parte das vezes depois de dormir belas sonecas.
- Já conseguimos fazer horários regulares de refeições, que é o mesmo que dizer, de vida. O nosso dia/noite agora divide-se em grupos de seis horas, quatro, três e meia, três e meia, três e meia, três e meia - mas alteramo-los conforme nos dá jeito nos passeios e retomamo-los a seguir. Quando a casa está cheia com o resto da família, que é o mesmo que falar nos fins-de-semana, a miúda dorme muito menos de seguida, pensamos que por efeito do barulho.
- No final da tarde, teimamos em colocá-la na espreguiçadeira para conviver com o resto da malta. Ela ainda não parece achar piada nenhuma ao assento e chora na maior parte do tempo... revezamo-nos a quatro a colocar-lhe a chucha e, quando os ajudantes mais novos se vão deitar, a dois para lhe proporcionar o luxo de uma cadeira tremeliques...
- É a minha filha mais chorona, mas isso é dizer pouco, se acrescentar que a Alice não chorava nada e que o Vasco também o fazia em pouca quantidade. Recordo-me que brincávamos que a Alice não usava os vasos lacrimais e que, por causa disso, só tinha tido lágrimas já depois de um ano de idade. Na verdade, não há nenhuma fundamento científico para isto, o Vasco chorou desde sempre com lágrimas a correr pela cara abaixo e a Joana, que tenta fazer melhor usufruto desta capacidade de negociação, só fica com os olhos rasos e depois de alguma instência.
- Fora de casa, a sua posição preferida é a vertical e, quando começa a ficar com sono, a "vertical andante". Cá pela nossa vida doméstica, no mesmo estado aceita muito bem ser colocada na cama, chucha na boca e lençóis até às orelhas.
 
E, a minha preferida...
- Quando fomos à médica há um mês e lhe disse que achava que a miúda começava a tentar fazer as suas primeiras vocalizações, ela achou que ainda era cedo. Apesar disso, ao longo deste mês fui comprovando que era verdade. A rapariga adora que eu fale directamente com ela e que faça os sons equivalentes às primeiras palradelas e anda a tentar preparar-se para me responder à altura.
 
Rita

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