Hoje, quando saimos do trabalho, fomos à Baixa para que eu pudesse procurar o que me faltava para os próximos projectos (são uma lista enorme, bem definida!!!).
O primeiro pouso foi a Botilã, porque foi lá que a minha querida amiga Van me levou há já alguns anos. A Botilã, como qualquer retrosaria, fascina-me.
Eu nunca cresci num "mundo de costura", a minha mãe sempre detestou a prática. No entanto, tenho belas recordações dos tempos que a minha Avó Joana lá passava por casa e das horas que passava sentada na nossa máquina Singer (ainda lá, mas recentemente em outro sítio) iluminada pelo solinho da tarde na marquise. A Avó Joana chegava e tinha sempre muitas coisas para costurar porque acho que era o que gostava de fazer (ou tinha aprendido a gostar de fazer, não sei). Mas, para além de todas essas coisas, sempre me lembro de nos ter feito roupa... e roupinhas para as bonecas... e, a meu pedido, uma boneca de pano, de sorriso assustador e olhos tortos, mas com a perfeição que sempre nos habituou.
À máquina vi também muitas e muitas vezes, a Mané. E a Tina tinha tantos vestidos que a Mané lhe fazia para as Tuxas e Susys, era uma inveja olhar para a mala das roupas das bonecas que havia lá em casa...
Apesar de ser somente essa a minha relação com a costura, uma retrosaria enorme como a Botilã - e que eu calculo que nem seja a melhor nem a mais em conta, mas que é das que conheço e onde calculo vir a encontrar o que quero - faz-me sempre ter vontade de saltar para o lado de lá do balcão e começar a abrir gavetas e armários... gostaria de me perder por ali um dia inteiro, só para poder tocar em todas as coisas cuja existência desconheço e que acho sempre fascinante...
Bem, o que é certo é que fiz as minhas compras, cheia de pena de não levar a máquina fotográfica comigo, e fomos lanchar.
Entrámos na Pastelaria Nacional (que é linda de morrer mas onde já fomos mal atendidos mais do que uma vez, porque se recusam a acreditar que não enriquecerão se colocarem mais funcionários a trabalhar no atendimento), mas saímos logo, não sem antes eu me recriminar mais uma vez pela ausência da máquina (os rodapés e ombreiras decapadas e o papel da parede são uma coisa por demais deliciosa). Acabámos por lanchar uma torrada a meias e um chocolate quente no Café Nicola, sítio cheio de turistas a comerem fatias de melão ou bitoques ou outros menus no mínimo cómicos para as seis da tarde.
Lembrança: nunca mais deixar de colocar a máquina fotográfica ao lado da agenda, do bloco de desenhos, do livro do momento, da carteira de documentos, do porta-moedas, da bolsa dos óculos, das chaves, do baton do cieiro, daquela carteira-importante-sem-a-qual-não-sou-nada, do telemóvel, e do resto das coisas que agora me posso ter esquecido mas que guardo diariamente na minha mala de viagem diária. Dizem que isto é característico de mulher, mas a menos que o Sport Billy estivesse bem disfarçado, há sacos maiores e ainda com menos fundo que o meu.
Rita