Já não sei como começou... acho que foi pela sopa, à qual não achávamos piada quando eramos miúdos e depois passámos a gostar... daí recordei que nem sempre havia sopa lá em casa, mas que tinha que levar com ela nas férias em Viana, a todas as refeições, o que me chateava imenso... daí passei para o facto da Tia Alcide não pôr sal nenhum na sopa, o que decididamente contribuía para o seu desinteresse... e vai daí a Alice faz perguntas sobre a Tia Alcide e o pai questiona-a se já não se recordava dela, ao que o lembrei que a miúda tinha pouco mais de um ano na altura em que a minha tia tinha morrido...
E andávamos neste circuito de conversas quando se ouviu o rapazinho ao meu lado: «Isso foi há muito tempo, quando eramos animais?»... Não foi obviamente entendido. Tentou explicar melhor: «Quando eramos animais... ai, quando eramos animais macacos, ai, quando eramos macacos...?»
E pronto, na mente do meu rapazinho de quatro anos, o passado é uma espécie de mistura de teoria da evolução com encarnação budista, em que antes de sermos o que somos, antes de nascermos, antes de irmos parar às barrigas das mães, eramos animais macacos...
Rita
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