Fui filha mais nova e, de um dos lados da família, neta e sobrinha mais nova. Brinquei muito sozinha, por baixo da mesa da sala da minha avó. Numa fase das minhas férias em Viana, era uma autêntica mulher moderna, fazia dos bancos as minhas mesas e enchia-as de papelada diversa, era uma espécie de empresária com muito trabalho, muitos negócios, muitas vendas.
Hoje, sou uma autêntica mulher moderna. Tenho uma casa, vivo "ajuntada", tenho filha, gata e cão, um trabalho que adoro e que me preenche, me assoberba (será assim que se conjuga?!) e trago com prazer para casa. Tenho um qualquer género de atelier partilhado com a minha irmã, um blog que tentamos actualizar e latas, caixas, sacos e recipientes vários com linhas, tintas, pastas de modelagem, camisolas, tecidos e restos de bocados de coisas nenhumas espalhados por todo o lado e que o meu companheiro se esforça incessantemente por arrumar.
Sou feliz mas há dias em que me canso.
Principalmente quando anseio por um tempo para dar azo às produções caseiras para ter trabalho suficiente para apresentar na nossa primeira feira e não consigo deixar de ter sono e de me aninhar no sofá. E, principalmente, de cada vez que me lembro do ralhete (com razão) que recebi hoje no trabalho pela baixa produtividade.
Hoje, apesar de ser uma autêntica mulher moderna feliz, o dia não me correu lá muito bem.
Rita