Bom Carnaval

Lembro-me de em pequena gostar muito do carnaval. Lembro-me de me mascarar de saloia, de minhota, de chinês, de saloia outra vez, de uma coisa qualquer com umas saias da minha mãe e uns lenços (devia ser de saloia também), de a minha mãe me fazer umas pinturas na cara, com rimel e tudo e me sentir muito bonita.

Depois, durante uns anos, quase que odeei o carnaval por causa dos ovos podres e da farinha. Por essa altura ainda me mascarei de rapaz numa festa de amigos e lembro-me de fazer muito sucesso, mas não pus de parte o meu sentimento.

Descobri o seu encanto quando já trabalhava, parece-me que pela necessidade de aproveitar os tempos livres. Nesse tempo eram poucas as vezes que saía para me divertir com amigos e amigas, talvez umas quatro ou cinco vezes no ano (a festa do Avante era o único evento que me fazia vibrar antecipadamente).

Um dia fiquei com pena de não ter ido com a Rita para a festa de carnaval, mesmo depois de a ter ajudado a mascarar e de ela ter insistido tanto para eu ir. Foi só ela sair de casa que o arrependimento de mais uma vez ter ficado chegou. Resolvi que no ano seguinte me ia mascarar. Escolhi a figura para mim mais bonita e enigmatica da época. PALHAÇO

Desde aí mascaro-me todos os anos de palhaço ou de palhaça, mesmo que um dia de outra coisa, tenho sempre que cumprir a (quase) tradição.

Mas este ano além de estar a trabalhar na 3ª feira, está de chuva e, se há coisa que odeio mais que a farinha e os ovos podres, é chuva.

Por isso, um bom carnaval para quem consegue conviver com este tempo.

Ana Cristina