quinta-feira, setembro 17, 2015

Os Bebés de Auschwitz - nascidos para sobreviver

Hoje venho lembrar uma das minhas últimas leituras, num post que há muito não havia por estas bandas. Este livro segue uma temática que me interessa; relembrar o holocausto, a vida nos campo de concentração, e as atrocidades que os homens foram capazes de cometer a outros homens, por motivos étnicos, religiosos, económicos... ou seja políticos.

Desta vez li, "Os Bebés de Auschwitz", um livro lançado recentemente, fruto da pesquisa da sua autora, uma escritora e jornalista britânica de nome Wendy Golden de quem eu nunca tinha lido alguma coisa. Baseado numa coincidência;  a de três crianças terem nascido nos dias que antecederam a libertação do campo de concentração em que as suas mães estavam detidas, por coincidência o mesmo, e de terem sobrevivido os seis, mães e filhos.
Escrito em estilo jornalístico, este livro relata três vidas, de três mulheres que, no final do ano de 1944  deram entrada no campo de concentração de Aushwitz e apesar de todas as provações, sobreviveram. Estavam as três grávidas, ainda no início da gestação. As três negaram a gravidez e conseguiram encobri-la todo o tempo. Foram transferidas para uma fábrica de trabalhos forçados nos arredores da cidade alemã de Dresden e em Abril de 1945, mesmo no final da guerra foram transferidas para o campo de extermínio de Mauthausen numa viagem de comboio que durou vários dias porque o destino foi alterado várias vezes devido à destruição das linhas férreas e da aproximação dos aliados. Chegaram no dia em que a sala de gaseamento funcionou pela última vez. Uma série de coincidências, de pequenas sortes que foram essenciais para a sobrevivência destes três bebés e das suas mães. Nunca se conheceram nem souberam da existência umas das outras.
Quantos outros não morreram nos mesmos dias, nas mesmas horas...
Vale a pena ler este livro, que acima de tudo nos relembra que a capacidade de sobreviver passa também por uma certa alegria de viver, mas sobretudo pelo conjunto de coincidências que nos rodeiam. Neste livro lembram-se várias pessoas que com pequenos ou grandes gestos ajudaram as pessoas condenadas a sofrer até à morte, mas lembra também os muitos que viram e calaram, viraram as costas ou pura e simplesmente continuaram nas suas vidas, e esses foram muitos, muitos mais.

Coincidência também é a do nascimento de uma menina, nos mesmos dias, em terra distante chamada Viana do Castelo-Portugal, e que nascendo sem as restrições por que os outros bebés passaram, também ela sobreviveu, cresceu, tornou-se uma mulher e fez este ano 70 de idade tal como os bebés do livro. Mas a que eu estou a falar, é por coincidência, a minha mãe.
Ana Cristina

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