Parece-me inacreditável que tenha sido há vinte e cinco anos.
Eu tinha 12, estava de férias em Viana do Castelo e lembro-me de se falar nisso durante dias e telejornais a fio. Toda a gente devia conversar sobre o assunto, de tal forma foi gigantesco...
Quando eu e o meu primo Pedro viemos para Lisboa, pedimos à minha mãe para ir ver o que restava do Chiado. A ideia que tenho é que a maior parte do entulho já tinha sido retirada das ruas e que tinham construído uma passagem em metal pelo Chiado, uma passagem bem resistente, cinzenta e com tejadilho, como uma espécie de mórbida ponte sobre a desgraça. Recordo-me de estar excitada com a perspectiva de visualizar ao vivo o tão grande horror que tinha acontecido, mas de ter ficado tão impressionada com o cheiro a queimado e o cenário de destruição, que me fartei de ter pesadelos a noite inteira. Nunca mais me esqueci.
É esquisito pensar que tenha sido há tanto tempo, acho que não calculava que fosse há tanto. E é bom pensar que, apesar das más recordações e das duas mortes, o Chiado e Lisboa deram a volta, resistiram, sobreviveram, reconstruiram-se, refizeram-se.
Rita
Eheheheh, consegui resistir a escrever sobre a bebé e a gravidez e tudo o que sinto neste momento, viva...
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