Há uns tempos planeei gozar este Dia dos Museus "à grande" com os miúdos. Habitualmente deixo-o sempre passar e como este ano estava em casa, achei que seria fácil.
O problema é que o joelho do meu homem, de tão desportivo que é, está no estaleiro. Uns ligamentos que decidiram dar trabalho, romper a sua ligação, talvez descruzar o seu cruzamento, vamos lá nós, pobres leigos mortais, saber...
De forma que, durante uns dias, os primeiríssimos, foi como se tivesse quatro filhos e não três. E mesmo agora, que o pobre já vai ajudando, mesmo de muletas, há muita coisa que ordinariamente seriam do seu pelouro e que de repente me passaram a estar adstritas.
Para que alguém possa perceber em que é que isso me dificulta a vida, tenho que afirmar com solenidade que o João é um homem extraordinariamente competente em casa e na família. As nossas tarefas são igualmente repartidas, mas ele tem muito mais iniciativa e, em determinados momentos, muito mais dinamismo do que a minha pessoa.
O cómico é perceber - e eu já lho disse - em como as paragens dele podem ser, ao mesmo tempo, reconfortantes. Quer dizer, não desejo que o homem ande "deficiente"... Mas gosto francamente de concluir que, quando e se for preciso, eu consigo ser igualmente competente. Acordar, tratar de mim, fazer os pequenos-almoços todos, comprar pão, tratar de almoços e lanches dos putos, pôr os miúdos a mexer de manhã mesmo com as apoplexias inerentes, levá-los à escola, voltar, dar de mamar (ou antes), preparar dois tabuleiros com pequenos-almoços e almoços para nós os dois, transportar tabuleiros, comer, ir fazer as compras todas para a casa, pensar nas refeições, fazer as refeiçoes, manter a casa mais ou menos, ir buscar os putos à escola, pô-los a mexer nas suas tarefas diárias do fim do dia, escolher roupas para o dia seguinte, levar homem ao médico, levar filhos a festas de anos, ir a reuniões escolares, fazer máquinas de roupa, estender máquinas de roupa, etc, etc, etc. É uma loucura, mas é uma loucura que consigo levar a cabo... mas felizmente só por poucos dias... é extenuante, ainda por cima porque mantenho tudo o que habitualmente é meu pelouro nesta família: as tarefas que são minhas e planificar actividades, imaginar, criar, pensar e promover autonomias, lidar com a escola, pensar e trabalhar em projectos artísticos para a casa e para as Oficinas... (e as partes desinteressantes de dar voltas sazonais aos roupeiros dos três filhos - fase em que estamos...)
Caramba, é bom saber-me capaz disto... e ao mesmo tempo, que não tenho que o ser sempre, ufa...
E assim, por problemas derivados de um joelho, este ano foi mais um que, com grande pena minha, demos uma joelhada ao Dia dos Museus - porque na verdade, chegou uma altura do dia em que só me passava pela cabeça o desejo de, pura e simplesmente, ESTAR em casa.
Rita