domingo, março 19, 2017

Catorze anos de Fera


Nesta semana que passou, a primeira filha cá de casa completou catorze anos. 

Já lá foi o tempo em que saltava para dentro do frigorífico, ou para a cabine do duche enquanto eu tomava banho, que mamava no lóbulo da minha orelha, que ir a correr buscar os papelinhos mínimos que atirávamos para longe, que deliciava os transeuntes na rua com as suas turras na janela quando eles se metiam com ela do lado de lá do vidro. Agora, embora ainda queira ir ao pátio, já não sobe a muros e a parapeitos. Mas, havendo uma escada de incêndio, ainda há uns meses se atirou de lá em voo para caçar um pardalito que lhe captou o olhar. E depois, de uma forma extremamente hábil que lhe desconhecia por completo, torceu-lhe o pescoço num ápice e comeu-o todo, não ficando nem uma peninha para contar a história - deixando-nos na dúvida sobre a quantidade de vezes que aquilo já poderia ter acontecido.

Com esta idade, as suas aventuras resumem-se essencialmente a saltar para o sofá, de preferência quando eu lá estou, ou ir ter comigo à cama assim que a porta se abre e ficar a dormir quanto possa, enroscada em mim. No entanto, continua a manter a sua extrema paciência com os irmãos-pessoinhas e, com anos de permeio, a suportar os mimos brutos que estes lhe fazem até aprenderem a lidar corretamente com a sua doçura... e continua a ser a minha companheirona, a minha querida Fera... por falar nisso, vou buscá-la, que ela faz-me falta aqui no sofá...
Rita

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